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quinta-feira, 27 de julho de 2017

Carlos Lacerda - a vida de um lutador John W. F. Dulles

CARLOS LACERDA – A Vida de um Lutador 
John W. F. Dulles Ed. Nova Fronteira


Vol. 1: 1914 – 1960

Página 152
Já em 1951, Carlos havia enviado um bilhete ao jovem jornalista Luís Ernesto Kawall, diretor do pequeno escritório da Tribuna em São Paulo, dizendo: “Quem é este Jânio Quadros que está se tornando tão famoso em São Paulo? Entreviste-o!” Kawall, fazendo outra visita a Quadros em março de 1953, relatou na Tribuna que o candidato a prefeito tinha “bigodes de Nietzsche e olhos de Bette Davis”. Quadros prometeu liquidar o ademarismo, escreveu Kawall, e exibia uma fotografia de Vargas na sede de sua campanha, “para animar o trabalho do grupo trabalhista”. 

Página 289
No interior do Estado de São Paulo, onde Lacerda e Juraci geralmente se faziam acompanhar por Herbert Levy e Roberto de Abreu Sodré, pelo menos 50 comícios foram realizados. Luiz Ernesto Kawall, da redação da Tribuna em São Paulo, recorda que Juraci ia dormir regularmente às 23 horas, a fim de estar pronto para começar cedo na manhã seguinte, enquanto Carlos, que não precisava de muito sono, confraternizava com estudantes, repórteres e outros noite adentro. Se Carlos se contrariava com o que chamava de “obsessão” de Juraci pela pontualidade em todos os compromissos, Juraci também tinha suas queixas. “As duas ou três vezes que deixei de ir”, disse Carlos, “ele ficou na maior indignação do mundo, porque, modéstia à parte, eu era um pouco a estrela da companhia”. 

Página 348 Com a Tribuna prestes a celebrar seu décimo aniversário em dezembro de 1959, Lacerda esperava que Jânio Quadros comparecesse ao almoço comemorativo no Clube de Engenharia do Rio. Luiz Ernesto Kawall, da sucursal da Tribuna em São Paulo, chegou ao Rio sem o candidato, mas com um bilhete escrito por ele. Lido aos presentes por Roberto de Abreu Sodré, se referia ao “grande Carlos Lacerda” e seus colegas na Tribuna como “esses poucos idealistas e patriotas aquém muito já devemos, todos”. 

Página 383
Naquela noite, antes de enfrentar as câmeras de televisão para sua apresentação final, Lacerda visitou a Tribuna a fim de despedir-se de seus funcionários e passar a presidência do jornal para o filho Sérgio, de 21 anos. No meio de 200 pessoas na redação, Carlos avistou veteranos, que haviam ingressado no jornal quando foi lançado em dezembro de 1949. Alguns como Hilcar Leite, já não estavam com a Tribuna mas haviam comparecido para desejar boa sorte a Carlos. Carlos cumprimento-os calorosamente. Disse que Luiz Ernesto, secretário da Tribuna que chefiara a sucursal em São Paulo, era como um filho. Kawall, ocupado no Rio com a propaganda da imprensa durante a campanha de Lacerda, deu a Carlos uma lembrança dos repórteres: u, exemplar de uma edição “extra”, já datado de 4 de outubro, anunciando sua vitória na eleição para governador.

Vol. II: 1960 – 1977 

Página 395/396
Os ataques de Lacerda aos deputados udenistas e ao Bloco Parlamentar Revolucionário foram seguidos pela reclamação de Flexa de que os udenistas Adauto Cardoso, Aliomar Baleeiro, Eurípides Cardoso de Meneses e Arnaldo Nogueira, todos deputados federais pela Guanabara, estavam se mantendo afastados da sua campanha. Entretanto, os amigos paulistas de Lacerda, como Abreu Sodré, Herbert Levy e o jornalista Luiz Ernesto Kawall, vieram para dar ajuda. Kawall entrevistou políticos e forneceu artigos para a Tribuna da Imprensa. Kawall e Sodré ouviram Lacerda esculhambar Castello e declarar: “Estamos perdidos”.

Página 429
Mais ainda do que durante sua vida pública, Carlos fazia comprar em grande escala quando viajava. Em São Paulo, quando Ernesto Kawall mostrou-lhe a livraria antiquária e Olinto Moura, ele passou cinco horas enchendo caixas de livros. Visitou uma feira japonesa e encontrou tanta coisa para comprar que carregou o automóvel de artesanato e móveis de bambu.

Página 594
A família Mesquita decidiu, em vez de ter autores diferentes para livros separados sobre Mesquita Filho (“Julinho”) e Francisco Mesquita (“Chiquinho”), que Lacerda deveria escrever sobre os dois juntos. Não obstante, Lacerda optou por dois volumes, um de narração e interpretação de fácil e corrente leitura, outro com as “referências e documentação”. Durante cerca de um ano, documentação e dados foram juntados por Kawall e dois funcionários de O Estado: Armando Bordallo, superintendente do arquivo, e Luís Roberto Souza Queiroz, repórter indicado por Montes. Lacerda os manteve ocupados (especialmente Kawall) e, com prazer, ocupou-se de entrevistas no Brasil, colhendo informações no país e no exterior. 

Página 612
Uma semana depois, Luiz Ernesto Kawall foi ao Rio levando fotografias de São Paulo antigo para o livro que Lacerda discutira com Alfredo Mesquita. Na editora, foi recebido com um cumprimento frio e formal, fora do comum, por Lacerda, que, pálido e desanimado, fazia ligações telefônicas marcando encontros no Rio com Carlos Castello Branco, que se achava em Brasília, e Emil Farhat, que estava em São Paulo. De mau humor, Lacerda zangava-se com pessoas e coisas. Kawall deu-lhe um recado de Jânio Quadros, sugerindo que Lacerda o procurasse ao voltar novamente a São Paulo; mas Lacerda disse que nunca mais queria ouvir falar em Quadros. “Errar, todos erram, Luiz Ernesto, mas para a traição não há perdão”.

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