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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

MARIO CRAVO JR. & CRAVO NETO

Trago agora ao público uma nova tentativa com a utilização das resinas de poliéster pigmentadas. Essa escultura ao mesmo tempo que é substância, volume, textura e cor torna-se quase imaterial no sentido em que perde sua essência de matéria impenetrável... Novos sóis, outros núcleos, órgãos de uma genética do amanhã, são proposições dos novos materiais que são, por sua vez, com o desdobramento dos instrumentos e das novas técnicas, antenas permanentes das mãos e da sensibilidade do homem no espaço e no tempo... As minhas formas mais puras, mais despojadas, têm relação com o mundo orgânico. São núcleos, formas germinantes, totêmicas, todos eles apresentados em termos essencialmente figurativos, embora não apresentados por forma humana ou animal ou da natureza... Continuo um escultor em permanente criação, inquieto, vendo sempre profundezas e universos... Antes fazia escultura em gesso ou madeira. Eram peças agressivas, tentava uma autoafirmação de mim próprio. Hoje faço escultura-arte, criativa, da vida interior, germinantes e germinadas, peças-objeto de transparência e luz, onde cada descoberta tem um valor imanente e impactante. 

Nem baixo nem alto, longos cabelos e bigodes emendados por grossas melenas, de voz abaritonada como Aldemir, de óculos, calça e paletó listrados, Mário Cravo Júnior está na Galeria Documenta de Biággio Motta e Frederico Melchoir, na Rua Padre João Manuel. 

– Como crio minhas esculturas? Ora, primeiro as desenho, e desenho é estrutura, é síntese, é idéia fundamental em artes plásticas... Existe o desenho do pintor, do gravador, do ilustrador e do arquiteto... Na sua maioria são formas que brotam desacompanhadas das convencionais justificativas literárias... São projetos de escultura que passam a existir sob a forma de desenho e como t ais podem ser encarados como proposta de escultura sob a forma bidimensional... Na “caligrafia” do artista está, sob a forma do desenho, sua síntese estilística. Sem preocupações ilustrativas ou anedóticas... 

Cravo está apaixonado por suas experiências atuais, utilizando transparências e luzes em suas peças e objetos. As luzes mostram universos internos das pequenas esculturas. 

– Em sua maioria as minhas esculturas em poliéster foram idealizadas para viver e respirar sob a incidência de uma fonte luminosa, natural oi artificial, a curta ou longa distância, pois só assim terão eles a situação imprescindível à verificação do observador, de suas qualidades intrínsecas... A preocupação com a luz e seus efeitos através da densidade de massas transparentes, acompanham a gestação de grande número de esculturas que apresento agora e onde existe um sentido construtivista na organização dos elementos fundidos e colados. 
Monumento de Mário Cravo Jr.

 Mário Cravo quando em São Paulo vai à casa de Waldemar Szaniecki, seu amigo-irmão, o baiano de “A Galeria”. Lá ele atende o interurbano da Bahia. É Lúcia, a mulher, a dar notícias do dia. É Ivan e Otávio (seus filhos), com problemas no protótipo de fibra de vidro que o “Pai Velho” montou em Salvador e deve ser levado a Fortaleza, onde há um campeonato de automobilismo do norte-nordeste. Cravo faz mil perguntas técnicas, manda que “os cabeçudos” examinem a ventoinha, os cilindros, toda a engrenagem do carro. Ele também é tarado por corridas, vai ao Ceará ver os filhos disputarem. Tem verdadeira vocação de Fittipaldi baiano. A ligação já dura bem 20 minutos. Cravo se zanga, diz uns palavrões bem brasileiros, ao final ele chama Lúcia, para saber da neta que nasceu dia 13. Ri e se enternece com as notícias. Afinal a neta, filha de Maria Luísa, sua filha, nasceu no dia de seu aniversário (13) e também data da abertura de sua exposição em São Paulo. 

– A arte da Bahia... Bem, vamos ver, meu chapa. Barroquismo, Tropicalismo, Folclorismo e Baianismo, são palavras redundantes e de interesse superficiais, quando não, refletem em conteúdo e forma o fenômeno que transcende suas próprias características e limitações... Qualquer manifestação baiana só deverá ser respeitada quando for universal, o que implica em um problema de juízo e critério que praticamente desaparece entre nós... Quanto à arte brasileira, há mais artistas do que arte propriamente dita. Sofre de altos e baixos, recebe uma tremenda influencia das bienais. Acho que dentro de uns 20 a 25 anos teremos verdadeiramente a grande e majestosa arte brasileira. No meu caso próprio, recuso a ser “mestre” porque sempre aprendo. Não sou “gênio” e muito menos escultor de reputação internacional porque nossas artes plásticas, como fenômeno de força nacional, ainda não saíram dos restritos limites do eixo Rio-São Paulo, com, poucas exceções. O máximo que posso fazer como artista é dedicar-me à ação criadora inerente à minha atividade profissional de escultor, o que sempre fiz sem concessões e mistificações. A política e a revolução do artista só podem ser vivas e atuantes, se ele fizer, acima de tudo, Arte. 

Cravo recusa um uísque que Belina oferece, está há dois dias sem beber. Conta agora suas últimas aventuras na Bahia. Em 71 uma gigantesca tromba d’água caiu em Salvador, foi-se mais de metade de seu famoso ateliê, suas coleções de ex-votos, mais de 2 mil livros, objetos diversos, esculturas. Há 3 meses a Prefeitura desapropriou o que restava de sua casa-ateliê e fez passar pelo Rio Vermelho moderna via pública. O artista foi indenizado, vai para ali perto, na Avenida Garibaldi. São 1.500 metros quadrados ganhos na troca, onde instalará sua casa e ateliê, mais um puxado anexo, um jardim público, de 1.400 metros quadrados, onde exporá suas esculturas ao ar livre. 

“Bem, em toda tormenta tem um pouco de céu azul”, observa. 

 Fala de sua faina diária que começa às 7 horas, após levantar-se e tomar um café simples, o passeio a seguir pelas vielas do bairro com seu pastor alemão. Volta ao trabalho, já planejado de véspera, com os auxiliares Zé e Rui, os dois crioulos estão com ele há muitos anos. Se há esculturas grandes encomendadas, prefere executá-las no local onde as instalará. Caso contrário, monta as peças em sua oficina-ateliê. Atualmente deixou a fase do aço inoxidável, cobre e latão para trabalhar o poliéster, materiais estanhos como galena e talco, fragmentos e sucata diversos, tudo numa “ação de laboratório paciente e delicada”. 

Almoça com toda a família reunida, almoço simples, salada primeiro, a carne depois. Aos domingos a tradicional feijoada. É dia em que a casa se enche de amigos, dos quais destaca, em primeiro lugar, o obá Caribé. Tira uma soneca após o almoço. À tarde volta firme ao Trabalho. À noitinha, uma ida à cidade, compras diversas, sai em seu Porshe 911-S envenenado por ele próprio. Confessa sua tara pelo automobilismo. Depois de jantar simples, leituras diversas, televisão para distrair, pegas “umas rebarbas de novelas”. Ou sai com Lúcia, senão há visitas nem turistas, ou música clássica, Stravinsk, Vivaldi, Brahms, Beethoven (há mais de 20 anos, tem tudo gravado em fitas), jazz americano, os Beatles, Mille Davies, Caetano Veloso, Gal, Elizabete Cardoso, “nossa maior intérprete”, Baden. Larga tudo, porém, por um filme de “cowboy”. 
A Cruz Caída
 Às vezes prepara suas aulas como professor da Escola de Belas Artes. Gosta de ensinar, adora ver os jovens, com sua inquietude, na Universidade ou em seu ateliê – sempre aberto a novas experiências múltiplas. Está preparando uma aula importante. É sobre a arte na Bahia. A renovação artística em sua terra, diz, coube inicialmente a Carlos Bastos, Genaro de Carvalho e a ele próprio, isso por volta de 1944. Antes, houve tentativas, como as exposições do artista modernista José Gonçalves Guimarães em 1929-32. E, em 1940, a Bahia viu trabalhos de Cícero dias, Portinari e Goeldi, numa exposição organizada por marques Rebello. Em 1942/44 o desenhista Martins expôs 25 trabalhos de pintura contemporânea. Em 44, porém, data maior da renovação, como dizia, chegam Bastos, Genaro e ele. Era “uma marcante tentativa de descoberta estilística de caráter pessoal, inserida no contexto cultural e sensorial particular da cidade e com valores imanentes de contemporaneidade”. Depois, seguidamente, até a geração de hoje, vieram artistas com outras experiências como Caribé, Jenner, Pancetti; José Valadares dirige o Museu do Estado, com uma atuação de apoio à renovação; Lina Bo Bardi à frente do Museu de Arte Moderna; e também há o incentivo certo de Odorico Tavares, Carlos Eduardo da Rocha, Wilson Rocha, Darwin Brandão, Heron de Alencar, Vasconcelos Maia, Jair Gramacho, Jorge Amado. 

Agora é época das bienais em São Paulo, um impacto forte na arte brasileira “não mais moderna, mas contemporânea”. 

Mário Cravo Júnior não pára de falar, Szaniecki está impaciente para sair; diz que seu amigo é “um cavalo” para trabalhar, “um coração verdadeiro” para conviver. Mário ainda fala de suas inquietações de artista, quer fazer esculturas de “fibreglass” para serem jogadas n’água, brinquedos lúdicos e novos para as crianças brincarem e piscinas ou praias. Inclusive com sons e música. Já fez umas peças e a garotada de Rio Vermelho e Amaralina adotou as peças com entusiasmo. Defende a escultura como força na paisagem urbana e em cada projeto arquitetônico. Concorda com Souliê – é um artista faminto, dado ao prazer do espanto. Ele é um renovador e está em luta constante, até irreverente, quebrador de rotinas e introdutor de novas concepções, como diz Junot Silveira na introdução de “Plásticos da Bahia”, publicação oficial baiana sobre Mário Cravo Júnior. O artista confere: 

– Quero a escultura praticada, estudada, no meio da praça pública e do povo... A escultura t em uma presença, uma força construtiva, arte também é educação... Escultura também pode ser distração e folguedo... Quanto ao artista, esse, é ou não capaz de basear-se nas restrições e limitações de seu vocabulário específico... Deve agir como criador e homem... Toda vez que um plástico necessita de conotações enfatizadas, referências politizantes e atitudes extraprofissionais para se firmar, ele está pagando um mau tributo á sua afirmação social e local... O meio e a cultura estimulam seu “status” que, por si só, deve ser um fenômeno dinâmico e não estático... Por isso minha permanente procura, criação, busca, inquietude, a pesquisa da cosmogonia do universo. 
30/4/72. 

Um artista faminto de inédito

Em matéria nova, a mesma seiva forte de Mário Cravo Jr. revigora o mundo da expressão plástica que, no Brasil, padece os rigores de frequentes estios e vez por outra se reaviva com chuvas parcas. Mário Cravo é sempre chuva. Regando o solo da criação com uma fantasia exuberante, porém controlada comas rédeas de uma informação amplíssima, ele volta agora a enriquecer São Paulo com uma nova exposição chamada Transparência e Luz, na Galeria Documenta. 

E a gente paulistana, arqueada pelo peso de um tom plúmbeo-poluído que se entranha nas retinas mais defensivas, pode dar-se ao prazer de espanto, ao gozo da força. Pois basta caminhar devagar pelo espaço e à maravilha da luz em poucos passos que a galeria encerra para notar (mesmo o rude visitante) que espécie de salto dá esse artista faminto do inédito: um salto justamente para a luz. 

Dominador da matéria, da sucata, do metal novo e dos elementos que a nossa indústria gerou, Mário Cravo vale-se de polietileno e sei lá que outras resinas petrolíferas para expressar sua cosmogonia. E o mundo por ele criado tem as constantes que o fascinaram antese o fascinam sempre: a terra, a semente, a eclosão de inaudito, milagre que a palavra vida sintetiza. Em múltiplos matizes de verde, de vermelho, de negro e do branco, as esculturas bipartidas com uma bola dentro ou os ovos com bolhas dentro, ou as formas totêmicas sem nada dentro, formando buracos para o mergulho do ar e do espírito aventureiro, levam o contemplar àqueles mistérios que não se pode precisar, mas que são. Que estão. Que se remexem num canto mais recôndito da mente e da experiência atávica dos homens inquietando. Forçosamente é a força o forte dessa fecunda mostra. Uma espécie de força que se impõe, chegando por momentos a causar receios. Mas não há o que temer. As esculturas são todas lisas, suaves e envolventes. Como ninhos. Como ventres. –  SOULIÊ AMARAL – (12-4-72). 

Mário Cravo Jr. nasceu em Salvador em 14 de abril de 1923. Pai, Mário Silva Cravo, grande comerciante, fazendeiro e exportador de fumo. Sua mãe, Marina Jorge Cravo, educada na Europa, fazia poesias e o estimulou no rumo das artes. Escultor, gravador, desenhista e professor. Entre 1938 e 1943, iniciou-se didaticamente em desenho e executou suas primeiras esculturas, e realizou viagens pelo interior baiano e do Nordeste, pesquisando inscrições rupestres (Milagres). Em Salvador dedica-se ao estudo da arte popular, afro-baiana e colonial-portuguesa. Em 1945 trabalhou na oficina do santeiro Pedro Ferreira e no ano seguinte, no Rio, frequenta o ateliê do escultor Humberto Cozza. Em 47 segue para os Estados Unidos como aluno especial do escultor iugoslavo Ivan Mestrovic, na Universidade de Syracuse. Trabalha em Nova Iorque em grandes esculturas de gesso. Conhece Villa-Lobos e executa um trabalho inspirado na personalidade do maestro. Nessa época executa seus primeiros trabalhos não-figurativos e policrômicos, 1949-50.Retorna a Salvador e utiliza cobre, latão, chumbo martelado, aço e ferro e fusão ao invés de gesso, madeira e mármore. 1051-55: Ganha vários prêmios importantes na I e III Bienais de São Paulo, III Salão de Belas-Artes da Bahia, II Salão Paulista de Arte Moderna e I Exposição de Arte Sacra da PUC no Rio de Janeiro. Nos anos seguintes expõe em praças públicas brasileiras e parques públicos de Washington. Estuda em Minas a obra de “Aleijadinho”. Viaja pelo norte-nordeste, representa o Brasil na Bienal de Veneza, executa diversas esculturas para edifícios, defende tese e ganha a cadeira de Gravura da Escola de Belas-Artes da Universidade da Bahia. Em 1964-65 passa um ano em Berlim, e, também convidado, visita oito universidades norte-americanas, fazendo 3 exposições em Washington. Em 1966-67 dirige o Museu de Arte Moderna e Popular da Bahia e executa uma fonte de 25 metros (bolandeira) em Salvador. Em 1969 é nomeado membro do Conselho Estadual de Cultura da capital baiana e representa o Brasil no Comitê de Artes de Jerusalém. Em 1970, convidado pela Prefeitura de Salvador, executa uma fonte de fibra de vidro de 2 metros de altura na praça do antigo Mercado Modelo. Tem esculturas em vários museus do mundo e entre 1944 a 1972 expôs mais de 100 vezes em várias capitais brasileiras e internacionais. Casado com a baiana Lúcia, tem 4 filhos, Mário Cravo Neto (também escultor), Maria Luiza (casada com o cineasta André Luiz de Oliveira), Ivan e Otávio, universitários e campeões de corrida de automóvel na Bahia. 

CRAVO NETO, propostas em água e fogo 

 – O universo é composto de água e fogo, dois elementos importantes na minha atividade criadora atual... Estou trabalhando com fogo nas caatingas, na superfície da água e até dentro dela... O fogo adquire formas dinâmicas que se confundem com o céu e o mar da Bahia... Trabalho, como sempre, com total liberdade de criação e estou fotografando tudo, pois acho a arte fotográfica muito conceitual e intimamente ligada a “minimal art”... E com isso documento as minhas idéias e as minhas propostas, que levarei em 1973 para a minha exposição na Galeria Documenta em S. Paulo.


Aldemir Marins, Fayez Mauad e Mário Cravo Neto (1972)
Ar ascético, barbas bíblicas, olhos azuis, sotaque bem baiano, Cravo Neto não é hoje só o filho do pai famoso (Mário Cravo Jr.) que enveredou desde cedo por experiências de escultura, arte-objeto, “minimal art”, etc. Ganhou também um nome firmado na arte brasileira, pesquisa e produz. Passou recentemente um ano estagiando no Art Students League em Nova Iorque. Expõe no Brasil e no exterior seus múltiplos em acrílico, vidro, ferro, balões plásticos com microplantas, mil artes premiadas. 

Cravo Neto é ciente de que faz arte de vanguarda dinâmica como a que viu nos ateliês dos artistas da Alemanha Ocidental e de outros países da Europa. 

– Cresci no ateliê do meu pai, que respeito e admiro como pai e como artista. Artista em permanente evolução, dos maiores que o país conhece em todos os tempos e herdei dele um convívio artístico simultâneo com a minha alfabetização... Aprendi arte ao mesmo tempo que o ABC e de forma até mais insensível, porque instintiva... Disciplinei com o tempo, na minha arte, essa exuberância baiana muito própria; condicionei minhas experiências e pesquisas, corri o mundo, expus muito e ganhei prêmios. Amadureci um estilo cristalizado. Atualmente encaro como importantes as propostas que realizo com água e fogo, nos arredores de Salvador, em Feira de Santana, no interior da Boa Terra... Mas considero que estou ainda começando um itinerário que não onde vai acabar. 

Cravo Neto interessou-se em Nova Iorque pelas pesquisas de “minimal art”, passando a trabalhar com acrílico, isopor, materiais fosforescentes, todos em tamanho reduzido, e também introduzindo miniplantas, raízes, carvão e a areia como elementos tonais em seus objetos. 

 – Senti muita saudade da Bahia em meio àquele caos de concreto, saudades da natureza, da espontaneidade tropical. Vivi a poluição e acho que as grandes cidades estão condenadas a explodir se não forem reumanizadas em tempo. 

 – No futuro, o artista deve trabalhar diretamente ligado ao arquiteto, ao urbanista, encaixando a escultura, o objeto, nos projetos da cidade e em prédios em que a arte esteja completamente integrada e não somada como excrescência no “habitat” do homem...O homem da metrópole moderna precisa de calma e relaxamento e na minha opinião a arte deve refletir uma sucessão de concentração e repouso, e inserir-se totalmente no ambiente à sua volta do qual deve fazer parte integrante... Se não, acaba. 

Cravo Neto mora na Federação, é casado com Eva Cristensen, tem uma filha pequena, Lua Diana. Além de pesquisar e realizar as suas propostas atuais com água e fogo, torna-se hoje em dia um fotógrafo exímio, de inteira liberdade criativa. 
ZEBRA - foto de Mário Cravo Neto

Acha que os jovens artistas brasileiros têm agora mais oportunidades no quadro atual das artes plásticas no país e antevê um futuro grandioso para a arte contemporânea no mundo, “caso não surjam novas guerras”. Fora de seu trabalho, gosta de correr nos protótipos de carro que ele e o pai constroem, junto com os outros irmãos, Ivan e Pingo (Otávio). Ele vai saindo de calça de brim e de camisa aberta ao vento, pela amada Salvador, cai às lagoas junto ao aeroporto, à Abaeté inclusive, realizar suas experiências de escultura dinâmica com fogo. As chamas saem das mangueiras cheias de gás, em colunas, atingindo boa altura no céu azul da Bahia. Cravo Neto pesquisa, fotografa, compõe, se realiza. 

– Não faço uma arte abstrata, mas utilizo o elemento da natureza, essa sim, com sua tecnologia abstrata, geométrica e científica, nos meus trabalhos... Os elementos cinéticos são também válidos em minhas esculturas, que têm variedade dinâmica e criatividade total... A arte não é só explosão criadora, é também disciplina, meditação e contenção... Essa a minha proposta atual, que acho válida, dinâmica, criativa e, para mim, cheia de beleza. 5-11-72.

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