SÃO PAULO, 3 (Sucursal)
- Acompanhado pelos Srs. Osvaldo Penido, João Henrique, presidente da Caixa Econômica Federal e pelo deputado Guilhermino de Oliveira, o Sr. Vitor Nunes Leal esteve, ontem, no Palácio de Campos Elíseos, tentando persuadir o governador Carvalho Pinto a não se pronunciar, já ou remotamente, pela candidatura Jânio Quadros ao Catete.
CANTO DA SEREIRA
Para convencer o Sr. Carvalho Pinto, Nunes Leal e Penido, que diziam falar em nome de Kubitschek, insinuaram até a sua candidatura à Presidência, com apoio ostensivo do PSB e do Catete. No caso de não a aceitar, o governador paulista deveria indicar um nome de sua preferência, além de apoio financeiro do Catete.
Os emissários do Catete trouxeram Cr$ 300 milhões de empréstimo ao governo estadual para obras no setor de água e esgotos.
RESPOSTA DE CARVALHO PINTO
Ao que conseguimos apurar. O Sr. Carvalho Pinto assim respondeu:
1- Considerava cedo para entabulações sucessórias.
2- Não aceitava, em nenhuma hipótese, o lançamento de sua candidatura, por quaisquer partidos ou grupos.
3- Mantinha, e espera ainda manter, as melhores relações com o Sr. Jânio Quadros.
4- No caso específico desta candidatura, tinha opinião já manifestada na frase: “Jânio tem todos os títulos para merecer o Catete”.
OPINIÃO DE NUNES LEAL
O Sr. Vitor Nunes Leal almoçou, ontem, nos Campos Elíseos com o governador Carvalho Pinto e à tarde esteve na Assembleia Legislativa em reunião com a bancada do PSD. À noite jantou com líderes pessedistas, seguindo depois para o Rio.
Ao que se diz, Nunes Leal teve boa impressão de Carvalho Pinto. Acha, contudo, que o governador de São Paulo não aceitará sua candidatura ao Catete nem recuará dos propósitos de isolar-se de Jânio.
A amigos íntimos, o Sr. Vitor Nunes Leal revelou que o candidato do PSB à sucessão presidencial deverá ser - pelo menos agora - o Sr. Amaral Peixoto. Adiantou que o lançamento da candidatura poderá dar-se nos próximos dias.
TRIBUNA DA IMPRENSA
Sexta-feira, 3 de abril de 1959
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