Nas Arcadas:
A turma de Ruy ouviu novamente a “oração aos moços”
Com visível emoção, os bacharelandos de 1920 (turma de Ruy), das Arcadas, ouviram sábado passado, a gravação da “Oração aos Moços” na voz de Reinaldo Porchat. Muitos não escondiam as lágrimas, naquela sessão solene da Faculdade, onde confraternizavam antigos e os atuais alunos da academia do Largo de São Francisco.
Foram solenes e concorridas as comemorações do 25º aniversário da “Oração aos Moços”: missa, sessão pública com transmissão da notável peça de Ruy e almoço de confraternização.
Rememoração
O ponto alto das solenidades foi quando, na sessão solene, se fez ouvir a gravação da “Oração os Moços”. A voz de Porchat estava firme, austera, robusta como exigia peça de Ruy. Os bacharelandos de 1920, de quem Ruy fora paraninfo, e os acadêmicos de hoje, ouviram contritos e com enorme comoção as palavras do grande baiano.
A gravação pertence ao Sr. Milcíades Porchat, filho do grande tribuno da Faculdade, professor da turma de 1920, e a quem coube ler a “Oração aos Moços” de Ruy (enfermo). O mesmo Reinaldo Porchat que saudara Ruy, à chegada de Haia (1908).
Estremeceu
O representante do Centro Acadêmico “XI de Agosto”, Eloy de Melo Prado, discorreu na sessão solene sobre a passagem de Ruy pela Faculdade, onde se formou em 1870. Numa turma onde pontificavam também Castro Alves, Joaquim Nabuco, Afonso Pena e Rodrigues Alves.
Melo Prado deu a solenidade dos estudantes de hoje às comemorações. Quando terminou, disse:
- “Pois foi nesta casa que Ruy obteve os conhecimentos como mais tarde iria estremecer a Pátria”.
Um evangelho
Depois de falar o representante dos antigos alunos, Astor Guimarães Dias, discorreu longamente dobre a história da “Oração dos Moços” o professor Soares de Melo. Foi ele o intermediário entre os jovens de 1920 e Ruy e a ele coube a glória também de trazer o original da peça de Petrópolis para São Paulo.
Seu discurso foi de sincera comoção.
- “A “Oração aos Moços” mantém uma geração de brasileiros em pé, pois, guia da nacionalidade, é um evangelho de direito, sabedoria e bondade” - disse, terminando.
Ruy, hoje
Dirigiu os trabalhos da sessão solene o prof. Cardoso de Melo Neto (hoje aposentado), único professor da turma de Ruy (1920) ainda vivo. Ele já foi presidente do Estado de São Paulo. Falando ainda com acentuada firmeza, recordou a noite belíssima, quando Porchat leu a “Oração aos Moços”. A emoção que a cidade sentiu, àquele dia. A certa altura, recebeu grandes aplausos, quando afirmou:
- “Nunca o Brasil precisou tanto de Ruy quanto hoje!”
A lição de Ruy
A gravação da “Oração aos Moços” lida por Porchat, era claramente escutada. E todos pensaram na atualidade destas palavras de grande brasileiro:
- “Não busquemos (o Brasil) o caminho de volta à situação colonial. Guardemo-nos das proteções internacionais. Acautelemo-nos das invasões econômicas. Vigiemo-nos das potencias absorventes e das raças expansionistas. Não nos temamos tanto dos impérios já saciados, quanto dos ansiosos por se fazerem tais à custa dos povos indefesos e mal governados. Tenhamos sentido nos ventos, que soprem de certos quadrantes do céu. O Brasil é a mais cobiçável das presas; e, oferecida, como está, incauta, ingênua, inerme, a todas as ambições, tem, de sobejo, com eu fartar duas ou três das mais formidáveis.
TRIBUNA DA IMPRENSA
7 de maio de 1.956.
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