quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Jânio foi ao Ibirapuera festejar 3 aniversários

Os 42 seus, os dois de seu governo e o 403º da cidade - Povo lotou Maracanãzinho paulista - Opiniões e uma faixa: lançamento de candidatura à presidência

Depois de 730 dias de governo acho que não desmereci a confiança do povo paulista” - de improviso, entre centenas de flâmulas e milhares de populares, o Sr. Jânio Quadros sacou com eloquência a frase de efeito certo. 

O povo lotava o Ginásio do Ibirapuera, o Maracanãzinho (35 mil lugares) paulista: Jânio comemorava o 403º aniversário da cidade - e o 42º, seu. 

Logo depois olhando as faixas dos bairros que o saudavam, chorou: 

- “Este é, realmente, um grande instante da minha vida, sacrificada toda pelo povo dos bairros, das vilas e dos povoados”. 

Foi um grande dia para Jânio, em S. Paulo. 

Governo faz anos

Acontece que o governo (estadual) também fazia anos: dois. 

Jânio tomou conta da festa: 

- “Graças a Deus o terrível fardo começa a aliviar-me o corpo fatigado”. 

O vereador (diretor do Trânsito) Nicolau Tuma: 

- “Foi um governo de realizações, confiança, ordem, planejamento e honestidade”. 

O secretário da Educação, Paula Lima:

- “Com a minha exceção, um governo impecável”.

Frase semelhante disse o Sr. Lincoln Feliciano (Justiça). E seu irmão Antonio, prefeito de Santos: 

- “Um governo magnífico, à altura das tradições, trabalho e probidade de São Paulo. 

Até o Athié Jorge Khoury (deputado do PSP) elogiou Jânio. 

Fala o Povo 

“Tutu”, filha de Jânio, desponta nos quinze anos. Ainda assim, se atrapalha com a pergunta do repórter.

Disse apenas: 

- “Pode dizer que estou muito satisfeita, como meu pai e com a obra dele.” 

O guarda civil (não pode dar nome) de 1ª classe:

- “O Jânio está ajudando a gente e o povo. Está bom.”

- “Esse governo, até agora, fez bastante, e vai fazer mais ainda pelo povo” - depõe o Sr. Pedro Batista Teixeira, presidente do Sindicato do Mercado Varejista.

Um menino, comprando a sua bola de ar, disse: 

- “Falam tanto nesse Jânio que acho que ele é batuta mesmo!”

Depois: virou o jogo 

Logo que Jânio acabou de falar, o povo vibrava: Jânio, Jânio, Jânio! 

Quinze minutos depois vibrava era com a seleção paulista (basquete) que bateu a argentina.

(Como o marcador enguiçasse, o Sr. Afrânio de Oliveira, secretário de Jânio, irradiava os resultados do jogo). 

Tudo acabou bem, entre palmas, sorrisos, flâmulas, vivas com pipoca e picolé. 

Quando Jânio saiu, bem acima da escada por onde desceu, havia uma faixa com dizeres: “Sem Jânio na presidência o Brasil vai à falência”! 

Era a homenagem de uma Vila (a de Vila Maria estava do outro lado): Vila Americana. 

Final de discurso

 A fala de Jânio foi de improviso. O que ia ler, um discurso de 28 páginas, as realizações, ficou para ser lido nos jornais, segundo disse. 

Eis dois discursos finais: 

“- Vencendo o caos financeiro, demos ao país, em menos de dois anos, um exemplo fulminante de superávit orçamentário. Transformamos a restauração completa do crédito do Estado numa arma a serviço da construção do futuro econômico da nossa terra”.

E depois de citar São Paulo Apóstolo (“os homens maus e encantadores irão de mal a pior, aprende com os bons”): 

- “Os homens naus irão de mal a pior. Que o povo seja fiel ao que aprendeu, para que possa sempre escolher o caminho da honra, que é, afinal, o rumo da vitória. 

TRIBUNA DA IMPRENSA 28 de janeiro de 1957.

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