Organizado pelo SPHAN, com amplo e importante temário
- O professor Pfeiffer (MAN) à frente da delegação paulista - Uma história de telas e gravuras, envolvendo a burocracia oficial, e o Congresso de Museus
SÃO PAULO,
(Por Luiz Ernesto, da sucursal)
O Museu de Arte Moderna de São Paulo mandou há um ano telas e gravuras dos plásticos brasileiros para o Japão. A IV Exposição Internacional de Pintura em Tóquio ia ser realizada e a arte brasileira tinha de ser divulgada. Por isso, quando se inaugurou a importante mostra, lá estava nossos figurativos, abstratos e concretos Ivan Serpa, Volpi, Ramiro Martins, Lívio, Flexor, Hansen, Prisca, Lula, Bonadei e Geraldo Barros.
E foi o sucesso brasileiro - segundo as notícias recebidas.
Mas, o pior de tudo aconteceu. Tinha a volta. E na volta havia a Alfândega brasileira.
O professor Wolfang Pfeiffer, do Museu de Arte Moderna paulista, vai levantar esse problema no I Congresso Nacional de Museus (Ouro Preto, Minas, de 22 a 29 de julho).
O problema da burocracia oficial a prejudicar sistematicamente o esforço de alguns poucos pela divulgação da arte e cultura brasileira.
O CONGRESSO
O Congresso, segundo o professor Pfeiffer, com um temário importante, vai reunir pela primeira vez em nosso país responsáveis de museus oficiais, oficiosos e particulares.
- “Falta coordenação e troca de serviços e de material entre os museus brasileiros à maneira do que se faz na Europa” - diz-nos ele.
O Congresso terá a promoção do Comitê Nacional do Conselho Nacional do Conselho Internacional de Museus (órgão da UNESCO). A organização competirá ao SPHAN, cujo diretor Rodrigo de Melo Franco de Andrade, será o presidente dos trabalhos.
Dezenas de museus de todo o Brasil estão inscritos: históricos, eclesiásticos, de ciências naturais, bibliográficos, folclóricos e outros.
- “Este é um congresso importante e histórico, a que todos devem dar sua colaboração” - diz o prof. W. Pfeiffer.
SOBRE MUSEUS
Acha o prof. Pfeiffer, coordenador do Congresso em São Paulo, que museu não pode ser considerado mais “depósito de velharias”. Tal visão errônea deve ser reformada.
Os museus, segundo ele, devem educar e servir de instituto de arte viva e estabelecer contatos entre os homens. Os museus “mortos” têm importância relativa no mondo que se entra, talvez um tanto alucinadamente, a novas pesquisas plásticas, humanas e sociais.
- “Os colecionadores igualmente- diz ele - já não podem se satisfazer apenas em colecionar objetos, mas precisam de preparo e estudos para que seu “hobby” possa ser útil à sociedade.
Observa que a parte educativa dos museus, no Brasil, e quase nula. As crianças crescem sem visitar nossos institutos de arte e sem qualquer explicação didática sobre os museus de sua terra, nas escolas. É preciso reformar toda uma mentalidade dirigente embotada.
O prof. Pfeiffer elogia, contudo, o aprendizado feito na Bahia e em Ouro Preto, onde, inclusive, a história e a evolução orgânica das cidades ainda lustra a sua mocidade, a crescer num mundo de “slogans” e falsos impactos.”
PROBLEMAS E TEMÁRIO
- “Trataremos no Congresso de Ouro Preto de importantes problemas que afligem a maioria dos museus brasileiros, tais domo burocracia oficial, garantia. Localização, apoio dos poderes públicos e outros” - informa.
Uma parte importante será dedicada ao estudo de formas de divulgação dos museus - pouco feita até hoje entre nós.
O Congresso deverá também definir caráter, âmbito e objetivos dos museus, em geral, e de cada um brasileiro em particular.
Serão estudados assuntos ligados á ampliação e aperfeiçoamento dos atuais museus, mudanças de sede e novas instalações.
Os vários museus (didáticos, institucionais, regionais, históricos) deverão divulgar qual seu acervo atual e de origem.
Outros estudos: quanto ao pessoal dos museus, formas de estudos, seleção, remuneração melhor, especialização, bolsas de estudo e formação técnico-profissional.
Estatísticas de visitantes que visitam museus, segundo idade, procedência, nível de cultura - será outro dos temas a abordar.
O prof. Pfeiffer destaca que “acordos de colaboração permanente ou temporária entre instituições” deverão ser realizados no Congresso.
OS PAULISTAS
A delegação paulista para o I Congresso Nacional de Museus será grande e selecionada; Várias instituições apoiaram a iniciativa.
Pelo Museu do Ipiranga deverão comparecer Sergio Buarque de Holanda e Francisco Rodrigues Leite, (a presença de Herbert Baldus é incerta); pelo Museu de Arte, d. Lina Bardi e Flávio Mota, pelo Museu de Arte Moderna, o prof. Pfeiffer e Sergio Milliet; pelo Museu Zoológico, Paulo Vanzolini; pelo Museu de Ciências, L. Sampaio; e, particulares, já inscritos, os srs. Lourival Gomes Machado, Severino Vaz e “Ciccillo” Matarazzo.
O prof. Wolfgang Pfeiffer termina:
“A missão do museu segundo a UNESCO é educar e servir - e é com esse espírito que estaremos em Ouro Preto para cuidar, nesse Congresso, da cultura, tradição e artes plásticas brasileiras”.
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