Os 42 seus, os dois de seu governo e o 403º da cidade - Povo lotou Maracanãzinho paulista - Opiniões e uma faixa: lançamento de candidatura à presidência
“Depois de 730 dias de governo acho que não desmereci a confiança do povo paulista” - de improviso, entre centenas de flâmulas e milhares de populares, o Sr. Jânio Quadros sacou com eloquência a frase de efeito certo. 
O povo lotava o Ginásio do Ibirapuera, o Maracanãzinho (35 mil lugares) paulista: Jânio comemorava o 403º aniversário da cidade - e o 42º, seu. 
Logo depois olhando as faixas dos bairros que o saudavam, chorou: 
- “Este é, realmente, um grande instante da minha vida, sacrificada toda pelo povo dos bairros, das vilas e dos povoados”. 
Foi um grande dia para Jânio, em S. Paulo. 
Governo faz anos
Acontece que o governo (estadual) também fazia anos: dois. 
Jânio tomou conta da festa: 
-	 “Graças a Deus o terrível fardo começa a aliviar-me o corpo fatigado”. 
O vereador (diretor do Trânsito) Nicolau Tuma: 
-	 “Foi um governo de realizações, confiança, ordem, planejamento e honestidade”. 
O secretário da Educação, Paula Lima:
-	“Com a minha exceção, um governo impecável”.
Frase semelhante disse o Sr. Lincoln Feliciano (Justiça). E seu irmão Antonio, prefeito de Santos: 
-	 “Um governo magnífico, à altura das tradições, trabalho e probidade de São Paulo. 
Até o Athié Jorge Khoury (deputado do PSP) elogiou Jânio. 
Fala o Povo 
“Tutu”, filha de Jânio, desponta nos quinze anos. Ainda assim, se atrapalha com a pergunta do repórter.
Disse apenas: 
-	 “Pode dizer que estou muito satisfeita, como meu pai e com a obra dele.” 
O guarda civil (não pode dar nome) de 1ª classe:
-	 “O Jânio está ajudando a gente e o povo. Está bom.”
-	 “Esse governo, até agora, fez bastante, e vai fazer mais ainda pelo povo” - depõe o Sr. Pedro Batista Teixeira, presidente do Sindicato do Mercado Varejista.
Um menino, comprando a sua bola de ar, disse: 
-	 “Falam tanto nesse Jânio que acho que ele é batuta mesmo!”
Depois: virou o jogo 
Logo que Jânio acabou de falar, o povo vibrava: Jânio, Jânio, Jânio! 
Quinze minutos depois vibrava era com a seleção paulista (basquete) que bateu a argentina.
(Como o marcador enguiçasse, o Sr. Afrânio de Oliveira, secretário de Jânio, irradiava os resultados do jogo). 
Tudo acabou bem, entre palmas, sorrisos, flâmulas, vivas com pipoca e picolé. 
Quando Jânio saiu, bem acima da escada por onde desceu, havia uma faixa com dizeres: “Sem Jânio na presidência o Brasil vai à falência”! 
Era a homenagem de uma Vila (a de Vila Maria estava do outro lado): Vila Americana. 
Final de discurso
 A fala de Jânio foi de improviso. O que ia ler, um discurso de 28 páginas, as realizações, ficou para ser lido nos jornais, segundo disse. 
Eis dois discursos finais: 
“- Vencendo o caos financeiro, demos ao país, em menos de dois anos, um exemplo fulminante de superávit orçamentário. Transformamos a restauração completa do crédito do Estado numa arma a serviço da construção do futuro econômico da nossa terra”.
E depois de citar São Paulo Apóstolo (“os homens maus e encantadores irão de mal a pior, aprende com os bons”): 
-	 “Os homens naus irão de mal a pior. Que o povo seja fiel ao que aprendeu, para que possa sempre escolher o caminho da honra, que é, afinal, o rumo da vitória. 
TRIBUNA DA IMPRENSA 
28 de janeiro de 1957.
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