quinta-feira, 10 de outubro de 2024

COM BIGODES DE NIETZSCHE E OLHOS DE OLHOS DE BETTE DAVIS

JÂNIO QUADROS SE PROPÕE A DESTRUIR O ADEMARISMO

A dobradinha popular Jânio-Porfírio, com seus 1.500 comitês de bairro e seus 350 núcleos de fábricas, ameaça a maior coligação de partidos já organizada em S. Paulo - Demagogo ou místico - Fala à nossa reportagem o candidato do PDC. 

Ex-vereador mais votado, atualmente o deputado estadual mais votado, o sr. Jânio Quadros, com sua impressionante cabeleira e seu olhar vago, alterou completamente a fisionomia do pleito pela Prefeitura de S. Paulo, já que parecia vencido pelos ademaristas. 

Ouvido sobre seu programa administrativo, numa reportagem que publicamos na página 10, o sr. Jânio Quadros teve impressões pouco concretas, revelando-se não muito seguro de sua linha de ação. 

É verdade que o “sinhor” só tem um par de sapatos? 

Meu amigo, para que mais se só tenho dois pés?

Mas o “milhão” diz que o “sinhor” anda mal vestido de propósito. 

Escute bem, irmão. Certa vez li inteirinho um livro vazio, sem expressão, tolo, que se revestia, no entanto, de uma luxuosíssima capa. Desde esse dia resolvi cuidar-me mais por dentro do que por fora.

Foram debates que presenciamos entre um popular e o candidato Jânio Quadros, no Tatuapé, e que definem bem o sentido de uma candidatura nascida nas ruas e levada agora adiante por 1.500 comitês nos bairros, 350 núcleos (secretos) nas fábricas e pela realização diária de 6 comícios populares. 

JÂNIO

Franzino, cabelos por fazer, bigode nietzschiano, olhos de Bette Davis, o cuidado mato-grossense de pronunciar cada sílaba, o terno simples em cima gola se destaca um colarinho que nunca assenta e, sobretudo, o olhar longínquo que esconde o grande místico ou o grande demagogo - eis Jânio Quadros, o candidato dos pedessistas, socialistas e getulistas (só parte), às eleições da Prefeitura paulista. 

Como deputado mais votado à Assembleia, segue uma linha iniciada há 6 anos, quando vereador: é o deputado que mais apresenta projetos, indicações, requerimentos, protestos, moções e emendas. 

Nunca faltou a uma sessão, quer na Câmara ou Assembleia, e atende diariamente a seus correligionários desde as 7 da manhã. 

CANDIDATO

Escolhido candidato pelas convenções do PDC e PSB, o Sr. Jânio Quadros viu sua candidatura encontrar sólidas bases populares, manifestada através de quase 450 pessoas a quem ele recebe diariamente na sede daqueles partidos ou no comitê central, na Rua Augusta, paradoxalmente situado no centro de um bairro grã fino. 

Seu dia de candidato começa às 7 da manhã, na chamada Casa Civil da Rua Sinimbu, pequena e feia (a Casa Militar, de seu pai, fica na Avenida Rebouças, tem jardim, é grande, quase aristocrática e reservada para os maiores contatos políticos), onde atende 70 a 80 pessoas até às 10,30 horas. 

Até meio-dia, depois, está na sede do PDC, atendendo aos correligionários.

Almoça rapidamente e por isso, às 13 horas, já está no comitê central, na Rua Augusta, onde conversa com cerca de 300 pessoas até as 19 horas, quando então faz um lanche ligeiro e vai, com as caravanas, aos comícios de bairros. 

COMÍCIOS 

Os comícios são relâmpagos, duram menos de uma hora. Só podem falar moradores do lugar e os candidatos Jânio e Porfírio, evitando-se assim explorações políticas 

Às vezes a propaganda adversária tenta obstruir os comícios da “dobradinha-popular” (apelido que o povo pôs nos candidatos), fazendo arruaças, apagando as luzes, colocando pessoas para apartar, etc.... Mas essa tática, posta em prática pelo chefe da propaganda do candidato adversário, ex-diretor da Policia Marítima, de Santos, tem refletido mal e mais entusiasma os adeptos da dupla Jânio-Porfírio.

Até agora, a “dobradinha” já realizou mais de 150 comícios. Quando o dia das eleições se aproximar, os candidatos distribuirão cédulas nas portas das fábricas. 

O COMITÊ 

O Comitê Central fica num prédio velho na Rua Augusta, com 4 andares e um terraço que, bastante isolado, é o local das conversas mais secretas dos candidatos. 

Desde o porão, onde o retrato do sr. Getulio Vargas anima o trabalho do grupo trabalhista, chefiado pelos srs. Chaves Amarante e Roberto Pimentel, até o galpão, local do Comitê de Imprensa - veem-se pessoas pobres e humildes esperando por um “prosinha” com os candidatos. 

Em meio à gente toda, Jânio Quadros, Porfírio da Paz, seus familiares (os melhores secretários de Jânio são sua mãe, o pai, a irmã e a esposa), deputados como Rogê Ferreira, Wladimir Piza, Scalamandré Sobrinho (que já fundou mais de 300 comitês pré-Jânio em Santo Amaro), e vereadores de vários partidos, têm uma faina constante. 

Cartazes, faixas, dísticos, folhetos com variados dizeres (“Udenista: Paulo Lauro agradece o teu voto: Hoje, em Cardoso, Amanhã, em Adhemar”) são distribuídos profusamente. 

Há um típico ambiente de manga-arregaçada, de “L’omo qualunque”, de inconteste revolta social (“Um tostão contra o milhão”- é o slogan de toda a campanha).

POR QUE “SE ELEITO”? 

“Por que se eleito? Já estamos eleitos” - é a resposta do sr. Jânio Quadros à nossa pergunta sobre o papel que desempenhará, se eleito, em relação ao plano político nacional, quanto às futuras eleições presidenciais. “Já estamos eleitos - repete o candidato. Entretanto as nossas preocupações são marcadamente comunais. Dizem respeito a este município. Uma coisa é certa. O ademarismo como método, como processo e como intenção delituosa, será erradico de S. Paulo, o que vale a erradicá-lo do país. Para esse aspecto chamamos a atenção dos verdadeiros democratas, brasileiros de todos os partidos: se a fatalidade impusesse a nossa derrota, ninguém deteria a “gang” que intenta assenhorear-se da República. Mas o Todo Poderoso já determinou: nós a liquidaremos. Então, teremos possibilitado o ambiente para a solução pacífica dos problemas político-econômicos do Estado e da União, próximos e remotos, mesmo porque o que caracteriza nossa ação é o mais absoluto desinteresse pessoal pelas posições de comando. S


SECRETARIADO

 A entrevista se interrompe, Jânio Quadros, ex-orador do Centro Acadêmico XI de Agosto, ex-professor de português, é procurado por velhos amigos. 

Aproveitamos a oportunidade para saber o “estado maior” do candidato a provável constituição do secretariado.

Ei-la: Prestes Maia ou Francisco Gayotto, Secretaria de Viação e Obras; José Marrey Júnior ou Franco Montoro, Secretaria da Justiça; Antonio de Queiroz Filho ou Carvalho Pinto, Secretaria das Finanças; Alípio Correia Neto, Secretaria da Saúde; Helena Junqueira, Secretaria da Educação; na direção da CMTC, o udenista dissidente Juvenal Sayon e, como presidente da Comissão do IV Centenário da Cidade, o Sr. Afonso Escragnole Taunay.

DEMOCRACIA IGUALITÁRIA E JUSTA

A segunda pergunta (“Qual o significado social que empresta à sua eleição”) foi assim respondida pelo candidato democrata-cristão: 

“Indicará a maturidade do povo, na sua plena politização. Marcará com nitidez a consolidação da democracia entre nós. Será a vitória do voto livre nas multidões livres, contra a violência, a infâmia, o favoritismo, a perseguição. Observe-se que, neste momento, todos os recursos de suborno, da brutalidade e da injúria estão sendo empregados pelo governo contra o movimento que integramos. Não importa. Temos fé no nosso pensamento de democratas-cristãos, temos fé na estóica firmeza dos nossos companheiros de jornada, filiados a outras legendas. Sabemos que esta é a hora do homem da rua e sabemos que somos a sua voz. O povo, aqui, como na Itália, na Alemanha ou em outros países, irá entregar-nos a responsabilidades de porta-bandeiras da democracia igualitária e justa que Maritain e Luigi Sturzo ergueram vitoriosamente na Europa”. 

Alguém vem pedir que Jânio abra a lista em favor de um correligionário falecido na véspera. Jânio abre a carteira, dá 40 cruzeiros, mostra o fundo vazio e diz que não tem mais nada. 

Em seguida responda a nossa última pergunta. 

“Os principais pontos de meu programa são: recuperação moral, administrativa e financeira do município, cujo poder público se encontra corrompido e desprestigiado pelo ademarismo, responsável nº 1 pela dilapidação e malversação dos dinheiros comuns, pela exploração e pelos escândalos que nele se verificam.

SOBREVIVÊNCIA 

“Essa recuperação - continua - é imperiosa a bem da sobrevivência do regime e das instituições cristãs, cujo patrimônio e cujos valores estão no risco de perder-se. Para isso será constituída uma equipe de homens honrados e capazes, com tal reputação e com tal prestígio que serão o penhor do restabelecimento da autoridade oficial. Um Marrey Júnior, um Franco Montoro, um Antonio de Queiroz Filho, um Francisco Preste Maia, Um Ataliba Leonel, um Olavo Fontoura, um Wladimir de Toledo Piza, um Alípio Correia Neto, um Cid Franco e nomes semelhantes serão convocados para órgãos de direção da Prefeitura”. 

BAIRROS

“E os bairros abandonados, que ameaçam a ordem democrática, e o povo humilde receberão cuidados imediatos da municipalidade. A pavimentação, os transportes, a luz e energia, a água e os esgotos, o telefone, a assistência hospitalar, a educação, a recreação e o policiamento não serão apenas promessas mentirosas, mas realidade tranquilizadora, pois que a Prefeitura libertada executará essas obras e serviços, se da sua competência, se da competência do Estado”. 

TRIBUNA DA IMPRENSA 10 de fevereiro de 1953.

Fracassou missão do Catete para degolar Jânio Quadros

SÃO PAULO, 3 (Sucursal) 

- Acompanhado pelos Srs. Osvaldo Penido, João Henrique, presidente da Caixa Econômica Federal e pelo deputado Guilhermino de Oliveira, o Sr. Vitor Nunes Leal esteve, ontem, no Palácio de Campos Elíseos, tentando persuadir o governador Carvalho Pinto a não se pronunciar, já ou remotamente, pela candidatura Jânio Quadros ao Catete. 

CANTO DA SEREIRA 
Para convencer o Sr. Carvalho Pinto, Nunes Leal e Penido, que diziam falar em nome de Kubitschek, insinuaram até a sua candidatura à Presidência, com apoio ostensivo do PSB e do Catete. No caso de não a aceitar, o governador paulista deveria indicar um nome de sua preferência, além de apoio financeiro do Catete. Os emissários do Catete trouxeram Cr$ 300 milhões de empréstimo ao governo estadual para obras no setor de água e esgotos. 

RESPOSTA DE CARVALHO PINTO
Ao que conseguimos apurar. O Sr. Carvalho Pinto assim respondeu: 1- Considerava cedo para entabulações sucessórias. 2- Não aceitava, em nenhuma hipótese, o lançamento de sua candidatura, por quaisquer partidos ou grupos. 3- Mantinha, e espera ainda manter, as melhores relações com o Sr. Jânio Quadros. 4- No caso específico desta candidatura, tinha opinião já manifestada na frase: “Jânio tem todos os títulos para merecer o Catete”. 

OPINIÃO DE NUNES LEAL 
O Sr. Vitor Nunes Leal almoçou, ontem, nos Campos Elíseos com o governador Carvalho Pinto e à tarde esteve na Assembleia Legislativa em reunião com a bancada do PSD. À noite jantou com líderes pessedistas, seguindo depois para o Rio. 

Ao que se diz, Nunes Leal teve boa impressão de Carvalho Pinto. Acha, contudo, que o governador de São Paulo não aceitará sua candidatura ao Catete nem recuará dos propósitos de isolar-se de Jânio.
 
A amigos íntimos, o Sr. Vitor Nunes Leal revelou que o candidato do PSB à sucessão presidencial deverá ser - pelo menos agora - o Sr. Amaral Peixoto. Adiantou que o lançamento da candidatura poderá dar-se nos próximos dias.

TRIBUNA DA IMPRENSA Sexta-feira, 3 de abril de 1959

JÂNIO TAMBÉM FAZ ANOS HOJE

Mas saiu dos Campos Elíseos para ver... futebol - É corintiano e gosta de pastel frito - opinião sobre São Paulo: cidade impessoal, avassaladora, egoísta, difícil e tentacular - Acha a presidência um “fardo” mas concorrerá ao Catete. 

No dia do aniversário da cidade, que faz o governador? Festeja o aniversário. Mas não da cidade. O Sr. Jânio Quadros faz hoje 40 anos bem vividos. 

Poderia festejar o aniversário (duplo) entre pompas. Com o Palácio engalanado. E a turma da Força Pública de fardinha domingueira. Mas Jânio é Jânio. Tem medo dos “inoportunos”. Detesta a intromissão do prefeito Lino em tudo o que faz. Vai, por isso, para o estádio do Corinthians. 

Junto do povo ele esgazeia os olhos, baixa a cabeça, deixa que os cabelos fiquem desgrenhados. Ouve calado e aperta as mãos. Raramente olha nos olhos dos outros. Abraça (parece comovido) antigos correligionários. Pergunta muito: 

- “Como vai lá o pessoal de casa?”

A voz sai rouquenha e ele dita a frase marcando as vírgulas com a concha da mão. Difícil tirá-lo de junto do povo. Sua mulher, dona Eloá, é quem mais sabe disso. Por isso faz sempre almoço que posa ser comido frio. Pastéis, por exemplo. E ele gosta muito. 

É corintiano, como Porfírio é são-paulino. Mas não é fanático. Porfírio já chegou a jogar de goleiro num treino do São Paulo. Jânio, não. 

Vendo Corinthians x Palmeiras, torce pelo seu time. Mas elogia um “coice” de Jair (um “goal” adversário bem feito), e aperta a mão dos vencedores, seja quem for. 

Na verdade, não gosta muito de futebol. Talvez menos até que um pouco. Gosta, mesmo, é do povo vendo futebol. 

Uma vez perguntamos, em seu gabinete, qual sua opinião sobre a cidade. A pergunta fora, se achava São Paulo “uma cidade humana”. Houve pequena demora, mas a resposta veio: 

- “Não. Embora o seu povo seja benigno, acolhedor e hospitaleiro, como cidade grande, São Paulo se torna impessoal, avassaladora, egoísta, difícil e tentacular”. 

Vendo o futebol, está junto do povo bom, hospitaleiro, “acolhedor”. Mas logo pegará um taxi (continua andando muito de taxi) e cairá na cidade grande, na cidade “desumana”. E então, começam os despachos loucos. 

Quem o visse, logo depois, numa reunião política, dificilmente reconheceria o mesmo Jânio (do povo). Com os políticos, dá duro, xinga, chora. Se o contrariam, diz que “põe o chapéu na cabeça, vai embora, abandona tudo!” 

Politicamente Jânio é um udenista no porre (definição de Afonso Arinos). Com tendências socializantes - como disse na Europa. Mas se acha muito próximo da democracia cristã. Fã de Lincoln. Gosta de Gandhi e Chaplin. 

Agora, dizem, cuida de sua candidatura à presidência. Saiu-se bem no apoio a Juarez. Nenhuma falha, justiça lhe seja feita. No dia 11 de novembro, conduziu-se com altivez, sendo hoje, um dos únicos líderes civis com prestígio e autoridade junto à massa. 

Em Presidente Prudente, outro dia, lançaram seu nome à presidência. Jânio pensou e soltou a frase de efeito: 

- “Ainda mais essa, agora! Estou com um fardo às costas, querem me jogar outro!” 

TRIBUNA DA IMPRENSA 25 de Janeiro de 1956.

JÂNIO ENCURTOU A NOITE PAULISTA

Nada além de quatro horas - O colunista Matos Pacheco descreve o noturno de São Paulo - Gasta-se a metade do que se gasta no Rio - Artista nacional: só no carnaval. 

SÃO PAULO, 24 (Sucursal) 

São Paulo também tem vida noturna. Quem não acreditar que venha ver. Ou leia a entrevista de Matos Pacheco (colunista social). Só que a noite paulista está reduzida à metade. O governador Jânio Quadros marcou para todos o fim da noite - 4 horas. 

Mesmo assim, diz o Pacheco, a noite paulista é noite porque em lua algumas vezes, estrelas, sono e... uísque falsificado, nos “inferninhos”. E tem também o Silvio Caldas. E a Aracy atravessando a madrugada com “feitiço na Vila”. E muita, muita coisa mais. Pitoresco também. 

Matos Pacheco é o “expert” da noite paulista. Responde tudo no diálogo improvisado. Por isso, essa entrevista sai como diálogo. Arrumada, perderia muito. 

- Como é a noite em São Paulo? 

- Lua algumas vezes, estrelas, sono e... uísque falsificado, nos “inferninhos”. 

- Quem são os “donos”? 

- A noite não tem dono. Tem “donas” em certos barzinhos, escondidos, da “Vila Buarque”. 

- O que se faz nas boates? 

- Eu bebo, pouco, mas bebo. Acho que é o que todo mundo faz. Alguns dançam, alguns fazem romance... Mas “boite” é mesmo para beber, principalmente. 

- Como se classifica os notívagos? 

- A noite é uma válvula de escape. Nas “boites” vai gente cansada do trabalho, fugindo de alguma coisa... Ou, simplesmente boêmios, gente que troca o dia pela noite, quando São Paulo readquire aspecto de cidade pacata, do interior. Vivo de noite porque é mais fácil atravessar a rua, sem tantos carros, sem tanta gente. Acho que muita gente que vai à “boate”, faz como eu: apenas procura um lugar para passar a noite. Se os cinemas estivessem funcionando, depois da meia-noite, talvez muita gente trocasse a “boite” pelo cinema. 

 - Quem se diverte melhor? 

- O dono da “boite”. No fim da noite quem está com o dinheiro é ele. 

- E as melhores “boites”? 

- Para mim, “Oasis”. O melhor bar seria o “”Michel”, que tem um grupo próprio. Ultimamente a “estrela” do “Capitains” começou a brilhar forte. É o bar do momento. “African” é uma “boite” nova, mas a decoração atrapalha muito. Tem muito “chifre” nas paredes. “Meninão faz força, mas já é antiga a história deque o “Esplanada”, onde ela está, tem caveira de burro. ‘After Dark” é a mais careira... O “Lord” está em reforma, sempre foi uma “boite” que viveu de “atrações”. Sem Silvio Caldas, não sei o que poderá acontecer com o “chicote”... 

- Os preços, qual a média de gasto? 

- Esse é um problema difícil de responder. O uísque anda pelos cem, cento e vinte. O “couvert”, médio, cem. Mas desde que eu virei cronista social, sempre aparece um sujeito para pagar a conta no fim da noite... “Cuba-libre” é bebida de pobre nas “boites”. Uma coisa é certa: para se divertir numa “boite”, em São Paulo, gasta-se a metade do que se gasta no Rio. É verdade que as “boites” no Rio, “Night an Day”, “Sacha’s” ou qualquer uma, oferecem mais que as casas de São Paulo, principalmente em matéria de “show’ e música. 

- E os grupos de frequentadores? 

- Há gente que só vai ao “Michel”. Outros, só ao “Oásis”. As “boites’ em São Paulo são na realidade freqüentadas por pequeno grupo, permanente. Quase não há movimento de turistas. Todas as noites, invariavelmente, as mesmas pessoas estão no “Oásis’, no “Michel”, no “Capitains”. Quando não aparecem, é porque estão doentes ou viajando. Fazem parte dos móveis, da decoração da casa. 

- Até que horas isso? 

- Jânio Quadros pôs um ponto final na noite paulista: nada além das quatro horas. Logo no começo do governo. A lei é dura, mesmo. Há contravenções, naturalmente, na Av. 9 de Julho, na Vila Buarque. Mas as casas grandes cumprem a lei.

- São feitos negócios? 

- Eu, pelo menos, nunca fiz. Não acredito em negócios feito em “boite”. O maior que vi, foi um figurão (não digo o nome) “pendurando” o relógio por vinte mil cruzeiros para pagar a nota. 

- Há “girls” famosas? 

- Não, “girl” é coisa de “boite” carioca. As que temos, são emprestadas do Rio. Rosinha Lorcal e outras. “Mulheres do Machado”, como dizem por aqui. Sem ter trabalhado num “show” do Carlos Machado, mulher nenhuma é famosa, dentro da noite paulista... 

- E as atrações? 

- Em geral, uma cantora argentina, cantando um tango bem velho. O bolero passou de moda. E não surgiu nada novo. 

- Houve jogos de futebol entre times de freqüentadores de “boite” 

- Houve um famoso, entre o “Michel” e “Robledo”. Mas parece que a febre esportiva passou logo. Futebol e “boite” não dão certo, a não ser na promessa da “boca livre”. 

- Rio e São Paulo diferem na sua noite? 

- A noite paulista não tem nada, nada, com a carioca. Acho que no Rio há mais boemia, mais naturalidade, na vida noturna. O boêmio carioca, dentro de uma “boite” paulista, deve se sentir um peixe fora d’água. 

- E os intelectuais, em “boite”? 

- Há o grupo que se reúne no “clubinho”, mas os artistas andam fugindo dali. Agora, quem sabe, com Pola Rezende e Flávio de Carvalho na diretoria, voltarão e o “clubinho” não será mais apenas um “inferninho”. Tenho impressão que é mais fácil encontrar intelectuais nos barzinhos abertos da rua São Luiz que dentro das “boites”. Clovis Graciano é o papa do “Michel”. Mas Acho que fica nisso, o “intelectualismo” das “boites” e “bares”. Di pode ser visto também, no “Captains”, mas não é figura de todas as noites. Deu para dormir cedo, parece.

- Qual é a figura mais típica das “boites” paulistas? 

- O freguês mais pitoresco das “boites” de São Paulo, para mim, é o capitão Juquita. Tem mais de setenta anos, ganha no “braço-de-ferro” de muita gente moça, vai ao “Oasis” todas as noites, desde a fundação (cinco ou seis anos seguidos), fica até as quatro horas. Bebe pelo menos três uísques, come meia dúzia de pastéis e, invariavelmente, oferece uma garrafa de champagne, para todas as cantoras que fazem o show no “Oasis”, logo na noite da estréia. Um cavalheiro à antiga, que leva muito a sério os cumprimentos. O capitão Juquita é a figura mais típica da noite paulista.

- Há “quatrocentões” nas “boites”? 

- Os “quatrocentões”, em plena forma, não vão à “boite”.

- E os cronistas, como são encarados? 

- Acho que os donos de “boites” se queixam de uma certa “inflação” de cronistas. Mas em geral, somos todos bem tratados. Não acredito muito na sinceridade de certas aproximações. No fundo, há um pouco de temor, nas relações entre as “boites” e os cronistas. 

- Há “boites” rivais? 

- No fundo deve haver. O dr. Eiras, do “Oasis”, nunca foi ao “Meninão”. Mas aparentemente todos os donos de bares e “boites” são amigos, trocam gentilezas e comem feijoada, juntos, no “Stork Club”. 

- E os artistas nacionais têm chance? 

- Só nas vésperas do carnaval é que as “boites” se lembram dos artistas nacionais. Mas em geral, preferem Gregório Bárrios à Aracy de Almeida, uma cantora argentina qualquer ao Lúcio Alves. Justificam dizendo que o público prefere gente de fora. Mas quando uma artista como Aracy, Inesita ou Silvio Caldas cantam numa “boite” paulista, a casa enche e há um entusiasmo novo. Não sei explicar. Se há uma reclamação séria, contra as “boites” é a má vontade com os elementos nacionais. Houve até um barzinho, o “Golden Gate”, que teve o “topete” de mandar Aracy embora, porque “Araca” não interessava. Ela, que atravessa a madrugada paulista, com Noel.

TRIBUNA DA IMPRENSA

Jânio passou dos 40 num campo de futebol

O menino que nasceu franzino, há 40 anos, em Campo Grande (Mato Grosso), passou seu aniversario num campo de futebol. 

Quando interroguei, Jânio, ontem, sob a ala dos remos dos atletas do Corinthians, ele apenas disse: 

- “É este, hoje, o dia mais feliz da minha vida!” 

Jânio estava com terno cinza claro e com gravata de bolinha. Mas sempre de cabelo caído. Não permitiu que, no churrasco gigantesco, se gastasse “um tostão que fosse”, do governo. 

Foi churrasco e foi festa popular - com banda, sorvete, guaraná, foguetório e pipoca - tudo grátis. 

No Corinthians 
Jânio chegou ao Corinthians às 10 horas. Veio em carro particular. Logo se misturou com o povo (o futebol começara às 8 e meia). Dona Eloá, de “tailleur” branco-estampado, me disse: 

- “O Jânio está feliz, mesmo. Ponha isso”. 

A filha Dirce Maria, também passou o dia no Corinthians (quando estourou um champanhe teve medo).

Futebol
O futebol foi Palmeiras (e Portuguesa) contra o Corinthians (com o São Bento de reforço). Ganhou o Corinthians, 6 x 2. Jânio gostou. Quando recebeu a medalha do Corinthians, disse: “recebo-a como governador e como... corintiano”. Depois, ainda no campo, apertou a mão de cada jogador. Disse para o Homero (beque do Corinthians: 

- “O senhor é tão famoso como o Homero da Grécia...” 

Deu a taça ao vencedor. Falou um pouco, porque o Corinthians tinha sido eleito (concurso popular) como o “clube mais querido do Brasil”. Recordou, na rodinha, que já tinha sido goleiro. Mas um dia (chovia) engoliu seis frangos. Nunca mais jogou. 

Povo 
O povo se apinhou no estádio e aplaudiu. Muitos motoristas da CMTC. Choferes de táxi (estão virando: eram quase todos Ademar). Mulheres e criançada. Antigos fanáticos. Novos adeptos. Junto de mim, vi Janio abraçar um operário. 

- “Dr. Jânio, estou sem emprego...” 

Jânio abraçou dois ou três populares (outros). Mas voltou-se, sério, compenetrado: “Meu amigo, não o esqueço. Passe segunda-feira no Palácio. Mas de manhã”. 

Churrasco 
Tinha 80 mil churrascos. Quatorze mil quilos de carne. Salsicha: 2.500 quilos. Linguiça: 2 mil quilos. 200 mil pães. 26 mil bifes-milanesa, 900 dúzias de guaranás, 2 mil litros de leite, 5 mil quilos de uva. Abacaxis, mangas, peras, refrigerantes. 

Só a pipoca e o sorvete eram pagos. O resto, tudo, grátis. Tudo foi presente. De amigos de Jânio e firmas particulares. 

- “Esta festa não nos custará um tostão” - disse Jânio, dia antes, no Palácio. 

Fez questão que nenhum carro oficial estivesse presente (temia que Lino mandasse fotografar). E foi de carro particular. Comeu dois churrascos e pediu leite. Não teve muito tempo de cuidar dessa parte.

Onde se notava a presença do povo era nos dizeres das faixas. Tinha faixas de todos os bairros. De muitas cidades. Das vilas. Da “sua” Vila Maria. 

Duas faixas de motoristas (da capital e de Osasco). Muita faixa com “dr” antes do nome. Uma dizia que Jânio é dos únicos brasileiros honestos. A escola de samba estava lá. Mas não apareceu muito. Era como um fundo musical (de samba) junto à grande música do povo reunido. 

Balanço 
Fez dois discursos. Um aos trabalhadores. Outro ao povo em geral. Este irradiado por 36 emissoras. Leu 17 páginas (voz, rouca). Destaque de deu balanço (do governo): 

- “Quero demonstrar que, em nenhum instante, deixei de ser digno da confiança dos paulistas”. 

- “Nada tenho a esconder. Antes, exijo que o povo verifique tudo, informe-se de tudo, a analise todos os atos de minha administração”. 

- “Durante o ano passado foram encerrados 76 processos administrativos e 36 sindicâncias”. 

- “Houve 2.448 promoções de funcionários”. 

- “No meu governo não se furta, ou se deixa furtar. Dessa infâmia sempre me pouparam os mais empedernidos adversários”. 

- “A saudável ditadura financeira do professor Carvalho Pinto valorizou-se ainda pelos magníficos resultados colhidos - há já saldos no orçamento”. 

- “Os negocistas e politiqueiros foram exilados do Banco; e os caloteiros pagaram suas dívidas’. 

- “Em menos de um ano, os depósitos da Caixa registraram um aumento de cerca de 1 bilhão e 277 milhões de cruzeiros”. 

- “No meu primeiro ano de governo a receita do IBESP teve o aumento substancia de cerca de 304 milhões de cruzeiros, ou seja, 51,24% sobre o período anterior”. 

- “Ao todo, pavimentamos 130 km de estradas. Certo aventureiro (Ademar), em 4 anos, pavimentou 150, só”. 

- “O abastecimento d’água será aumentado em 57”. Falou em novos prédios escolares, na VASP (que já dá lucro). O relato é grande. 

TRIBUNA DA IMPRENSA 26 de janeiro de 1.956.

Jânio foi ao Ibirapuera festejar 3 aniversários

Os 42 seus, os dois de seu governo e o 403º da cidade - Povo lotou Maracanãzinho paulista - Opiniões e uma faixa: lançamento de candidatura à presidência

Depois de 730 dias de governo acho que não desmereci a confiança do povo paulista” - de improviso, entre centenas de flâmulas e milhares de populares, o Sr. Jânio Quadros sacou com eloquência a frase de efeito certo. 

O povo lotava o Ginásio do Ibirapuera, o Maracanãzinho (35 mil lugares) paulista: Jânio comemorava o 403º aniversário da cidade - e o 42º, seu. 

Logo depois olhando as faixas dos bairros que o saudavam, chorou: 

- “Este é, realmente, um grande instante da minha vida, sacrificada toda pelo povo dos bairros, das vilas e dos povoados”. 

Foi um grande dia para Jânio, em S. Paulo. 

Governo faz anos

Acontece que o governo (estadual) também fazia anos: dois. 

Jânio tomou conta da festa: 

- “Graças a Deus o terrível fardo começa a aliviar-me o corpo fatigado”. 

O vereador (diretor do Trânsito) Nicolau Tuma: 

- “Foi um governo de realizações, confiança, ordem, planejamento e honestidade”. 

O secretário da Educação, Paula Lima:

- “Com a minha exceção, um governo impecável”.

Frase semelhante disse o Sr. Lincoln Feliciano (Justiça). E seu irmão Antonio, prefeito de Santos: 

- “Um governo magnífico, à altura das tradições, trabalho e probidade de São Paulo. 

Até o Athié Jorge Khoury (deputado do PSP) elogiou Jânio. 

Fala o Povo 

“Tutu”, filha de Jânio, desponta nos quinze anos. Ainda assim, se atrapalha com a pergunta do repórter.

Disse apenas: 

- “Pode dizer que estou muito satisfeita, como meu pai e com a obra dele.” 

O guarda civil (não pode dar nome) de 1ª classe:

- “O Jânio está ajudando a gente e o povo. Está bom.”

- “Esse governo, até agora, fez bastante, e vai fazer mais ainda pelo povo” - depõe o Sr. Pedro Batista Teixeira, presidente do Sindicato do Mercado Varejista.

Um menino, comprando a sua bola de ar, disse: 

- “Falam tanto nesse Jânio que acho que ele é batuta mesmo!”

Depois: virou o jogo 

Logo que Jânio acabou de falar, o povo vibrava: Jânio, Jânio, Jânio! 

Quinze minutos depois vibrava era com a seleção paulista (basquete) que bateu a argentina.

(Como o marcador enguiçasse, o Sr. Afrânio de Oliveira, secretário de Jânio, irradiava os resultados do jogo). 

Tudo acabou bem, entre palmas, sorrisos, flâmulas, vivas com pipoca e picolé. 

Quando Jânio saiu, bem acima da escada por onde desceu, havia uma faixa com dizeres: “Sem Jânio na presidência o Brasil vai à falência”! 

Era a homenagem de uma Vila (a de Vila Maria estava do outro lado): Vila Americana. 

Final de discurso

 A fala de Jânio foi de improviso. O que ia ler, um discurso de 28 páginas, as realizações, ficou para ser lido nos jornais, segundo disse. 

Eis dois discursos finais: 

“- Vencendo o caos financeiro, demos ao país, em menos de dois anos, um exemplo fulminante de superávit orçamentário. Transformamos a restauração completa do crédito do Estado numa arma a serviço da construção do futuro econômico da nossa terra”.

E depois de citar São Paulo Apóstolo (“os homens maus e encantadores irão de mal a pior, aprende com os bons”): 

- “Os homens naus irão de mal a pior. Que o povo seja fiel ao que aprendeu, para que possa sempre escolher o caminho da honra, que é, afinal, o rumo da vitória. 

TRIBUNA DA IMPRENSA 28 de janeiro de 1957.

Uma antevisão do futuro no “new look” masculino

Percorrendo S. Paulo com roupa menos de um quilo - Ciccillo Matarazzo topa, mas não usa - Maria Della Costa: “A coisa pega” - 63 anos de pernas compridas e estranhas experiências - Reportagem de LUIZ ERNESTO

Flávio de Carvalho saiu com o “new look” (masculino) direto pela Barão de Itapetininga. A rua é centralíssima. O povo já se apinhava à porta do prédio. Um cidadão apareceu e deu um abraço forte. Era Ciccillo Matarazzo. 
Flávio perguntou rápido, se “Ciccillo” topava usar também o traje. 
- “Eu? Eu não!” 
O cortejo começou.

Glória 
Minutos antes, no apartamento, Flávio atendia a amigos e curiosos, entre “flashes” e microfones. O repórter de mais longe era o do “Life”. 
- “Eu acho que esse traje pega” - disse Maria Dela Costa, posando muito (e muito bonita) ao lado do artista. 
Maria Ferrara, a figurinista italiana, dava os últimos retoques. 
Guido Panaim, outro italiano, abriu a porta: 
- “ Agora, é descer, Sr. Flávio, para a glória oi para as pedras”. 

Cortejo
De saiote branco (brim) e blusão vermelho claro (nylon) Flávio de Carvalho abria o cortejo bizarro. A molecada se pôs à sua volta. E o povo. Muita gente nas janelas. 
As alpargatas simples e as compridas meias pretas, de malha (tipo bailarina), chamavam ainda mais atenção. 
O paulista assistiu quieto ao desfile. 
- “Isto aqui, em Nápoles, era só tomate que voava!” - a frase de Maria Ferrara. 
Flávio esteve na redação dos “Diários”, tomou um cafezinho na Rua Marconi (pago pela TRIBUNA) e entrou no cinema “Marrocos” - onde só se entra de gravata. 
Miguel Batlouni (o repórter, que pagou a entrada), exultava quando Flávio entrou no cinema.

Impressões
- “É um absurdo um negócio deste nas ruas!” - disse Elpídio Pacheco, desenhista. 
O estudante João Walter disse: 
- “Eu não usava isso, nem pagando!” 
O jornalista Fernando Lemos: 
- “Este homem devia estar na Central (polícia)!” 
Mas houve muita gente favorável. A opinião mais rude foi talvez a de um garotinho de 5 anos (Armando de Oliveira Neto): 
- “Eu sei que isso é de mulher!” 

A Favor
Na rua, colhemos opiniões: 
- “A ideia é ótima. É uma libertação. Mas parece que a roupa é complicada demais!” - opinião do cineasta Paulo Emílio Salles Gomes. 
Do jornalista (diretor das “Folhas”) Hideo Onaga: 
- “É uma experiência. Admiro a audácia e o sentido de renovação de Flávio”.
Rudá de Andrade, filho de Oswald de Andrade: 
- “A roupa, talvez não, mas a coisa é interessante. Cria polêmica e pode redundar na libertação das nossas enfadonhas vestes”. 
Paulo Bonfim, poeta, não tem opinião, ainda. O Sr. J. Pereira, oficial de gabinete de Jânio, teve: “um carnaval extra”. E vale esta observação do folclorista Paulo Afonso Grisolli: 
- “ É exótico pra burro. Mas é lógico!” 

Discurso
Em frente aos “Diários”, o cortejo parou. Flávio esboçou um discurso. Deu uma rápida explicação dos fundamentos estéticos, sociais e higiênicos do novo hábito. Teve de levantar-se a abaixar-se algumas vezes. Um popular gritou: 
- “Se fosse nos Estados Unidos, esse negócio pegava: por eu é uma coisa de louco!” 
O que informa: 
1. A roupa custou Cr$ 1.300,00. 
2. Pesa menos de um quilo. 
Napoleão de Carvalho, publicitário, interrompeu:
- “ Estou com o senhor. É preciso uma reforma completa de nossos costumes, a começar pelos trajos!”

Entrevista 
Deu, finalmente, Flávio de Carvalho, uma entrevista coletiva. Durante ela, mudou o trajo para um blusão amarelo com calção verde. Disse que não teme nada. Uma vez, acompanhou procissão, de chapéu na cabeça, durante 30 minutos, para estudar a reação do povo. Foi dele o primeiro projeto de arquitetura moderna, no Brasil. É grande desenhista. 
- “ O homem precisa voltar às suas camadas plásticas do passado e criar algo novo! - diz ele. - “Este trajo é uma renovação e não uma nova criação”. 
- “ O homem deve passar a viver num mundo livre e onde a cor volte a lhe dar alegrias”. 
São Paulo vibrou como o “new look” do seu velho (63 anos) arquiteto de pernas longas. 

TRIBUNA DA IMPRENSA 19 de outubro de 1.956.