quarta-feira, 22 de julho de 2015

TOMIE, DAMA CÓSMICA


Tomie Nakakubo nasceu no Japão em 1913, era pequena japonesinha quando disse ao pai que gostaria de ser artista. Recebeu como resposta um sonoro “não”! Era educada para casar e ter filhos. Não era ainda a Tomie Ohtake. 

Veio para nosso país em 1936 para visitar um irmão, residente em São Paulo. Ficaria aqui um ano ou dois e regressaria ao Japão, onde pretenderia viver toda a vida. Seu irmão impediu o retorno de Tomie à sua terra natal. Especialmente pelo furor da 2ª Grande Guerra, o Japão fez pacto com a Itália e a Alemanha, as notícias eram de um mundo conturbado. A graciosa Tomie foi ficando, ficando e acabou casando com o engenheiro agrônomo Ushio Ohtake, teve dois filhos, Ruy e Ricardo. 

Ciccillo e Tomie em 1960

Conta o jornalista Henrique Fabre Rolim que logo a veia artística voltou a arder dentro de Tomie, já então Tomie Ohtake. O nome que consagrou. Em 1952 foi visitar a exposição do artista japonês Keisuke Suganbo e se encantou pelas suas obras. Sugano a incentivou e Tomie transformou a pequena casa do bairro da Mooca num ateliê, fazia desenhos e pinturas figurativas. Três anos depois, trocou a pintura figurativa pela abstrata. 


“Queria pintar o que vinha decoração e não apenas o que via”, explicou ao repórter. Além da pintura abstrata e escultura, Tomie começou a ganhar nome como gravadora. Participa das primeiras Bienais, nos anos 50, ganha elogios e Mário Pedrosa. Em 1957 expõe no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1968 naPan American Union, em Washington, e em 1969 na Petit Galerie do Rio de Janeiro. Sua arte começou a ganhar adeptos entre nós, faz gravuras em metal, privilegia a cor, faz obras públicas e esculturas que brindam o público, espécie de “desenhos no ar”. Os filhos crescem, estudam, atuam na produção cultural e na arquitetura, vão idealizando o Instituto Tomie Ohtake. A japonesinha Tomie Ohtake está ganhando o Brasil e o mundo com sua arte cósmica.

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