domingo, 22 de novembro de 2020

A hora e a vez do folclore e da cultura popular

Mestre Luís da Câmara Cascudo rio-grandense-do-norte, um dos sete maiores folcloristas do mundo em todos os tempos, diz preferir pesquisar Jangada e Rede de Dormir “em vez de alistar-me entre os devotos da economia estatística ou da previsão meteorologia eleitoral”. No Dia do Folclore, anteontem, o professor Rossini Tavares de Lima responde, e concorda, dizendo que o estudo do folclore é o caminho para o encontro do homem acima das nacionalidades. Sucedem-se as exposições de artesanato, o sucesso das músicas regionais e das danças típicas, da pintura mágica e primitiva. Etnólogos e sociólogos debruçam-se na cultura popular e espontânea. Em Nova Iorque, as telas de Chico da Silva, o índio acreano que vive no Ceará, são vendidas a dois mil dólares. De Paris avisa Waldomiro de Deus, nosso pintor-caboclo “hippie” e baiano, ter vendido em Montmartre e nas galerias, toda sua produção. À época dos mísseis, cibernética, computadores eletrônicos, telstares, super-robôs e viajem à Lua. Mas a grande viagem que o homem ainda faz é à volta de si mesmo. A inteligência e a cultura do povo. A intuição, o equilíbrio e a lógica. A arte espontânea. A alegria reveladora do entalhe e da cerâmica artística e utilitária. A literatura de cordel-jornal e poesia no Norte-Nordeste. Gente simples. Engenho e artesanato. Sabedoria. Ciência popular. Folclore. 

Jesus é o perfeito 
No Colégio São Luís, fala o padre Vitório Marcozzi. A psicologia de Jesus Cristo: um homem psicologicamente perfeito. Já Buda e Maomé, não. - Buda, vítima de uma grande depressão, era um maníaco destituído de equilíbrio psicológico. Maomé teve atitudes e ações com as quais uma pessoa psicologicamente equilibrada jamais concordaria. Exemplo: a chacina de Medina. 

As duas faces do progresso 
Na Associação Comercial do Rio de Janeiro, a convite do “Boletim Cambial”, o governador Sodré faz uma palestra bem sucedida, mostrando os índices de crescimento da economia paulista. Levanta-se o industrial Barbero, de Sorocaba, e contesta. Alinha uma choradeira típica do empresariado-que-deseja-tudo do Estado. Mas no mesmo instante fala o industrial suíço, radicado no Rio: - Governador, parabéns. Sua palestra foi muito elucidativa e clara. Saímos daqui, hoje, reconfortados e confiando no progresso de S. Paulo e deste país. Volto para minha fábrica, hoje, comas baterias carregadas. 

Ainda falam de Gilmar 
O colombiano pula no ar e enche o pé, imprevistamente. Felix estica-se tardiamente. No primeiro tempo, tomara um gol meio fajuto. Avelino Ginjo, competente e veterano repórter fotográfico, não se contém: - Nessa seleção brasileira, falta alguém. É o Gilmar. Não importa que tenha 40 anos. O Zamora jogou até os 45. E a Espanha manteve Zamora na seleção até o fim. 

A arma poderosa 
Fala, na ABI, o general Lyra Tavares, ressaltando que cabem à Imprensa e ao Exército na preservação e na defesa das liberdades democráticas. - Vós, como homens de imprensa, e nós, como soldados, defendemos a democracia brasileira em dois setores muito relevantes. E nesta hora em que ela se vê ameaçada. Principalmente no “front” do espírito por adversários ideológicos... estou certo de que cabe à Imprensa, ainda mais que ao Exército, a missão predominante, a responsabilidade mais direta e o papel mais eficaz na defesa e na preservação das liberdades essenciais dos cidadãos... Nenhuma arma tem o poder do jornal, nem ninguém é mais responsável do que ele no dever de ajudar a Nação. 

A TRIBUNA Santos, 24 de agosto de 1.969.

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