domingo, 22 de novembro de 2020

A travessura da arteônica

O que é escatologia? Outro dia, em Ubatuba, numa roda de alto nível, na casa de “Ciccillo” Matarazzo, ninguém sabia responder. E a arteônica, o que é? Certamente não é um neologismo do autor de “Macunaíma”. Pois escatologia é uma expressão teológica, usada com os anúncios do fim do mundo. E arteônica é um termo de arte, significando a arte eletrônica. Arte que, na última travessura inteligente de Sodré no Governo, será S. Paulo a partir do ia 8 próximo. Arte eletrônica: um filme realizado com raios Laser; o uso da linguagem cibernética; uma música programada e executada por computador; sons e imagens coloridas comutadas por meios eletrônicos; leitura de imagens por células fotoelétricas; coreografia e dança eletrônicas... O professor Waldemar Cordeiro, também artista arteônico, vibra quando fala da exposição internacional que ele organiza e a Pinacoteca de Delmiro Gonçalves promove. No “Pep’s”, filosofa Almeida Salles: A arteônica pode tudo, menos terminar a “Sinfonia Inacabada” de Schubert ou criar a “Décima” de Beethoven. Na imprensa, o debate mais amplo entre os sociólogos, filósofos e religiosos: o computador e a eletrônica dominarão o homem? É válida a materialização do som, das cores e das imagens já conseguida pela avançada tecnologia eletrônica da Iugoslávia? No campo cultural, pode-se afirmar: o governo Sodré foi realizador e, sobretudo inteligente. A “bomba” que Sodré solta, ao final de sua administração, é de grande impacto. O paulista, depois da arteônica dos 20 países participantes, só vai querer saber de vanguarda. Adeus primitivos, concretos e abstratos verde-amarelos. “Ciao”. Bienal. Vamos de arteônica. 

Piza fala 
Quatrocentão e trabalhista. Médico e administrador provado. Homem de letras e senhor rural. Esse é Wladimir Piza, ex-prefeito da Capital, hoje vivendo entre a Capital e Ubatuba. Piza sabe tudo e é um arquivo de primeira ordem da política brasileira. dos últimos 40 anos. O que queria Getúlio em 30? Como os paulistas se levantaram em 32. Como foi a redemocratização de 45? E o episódio da escolha de Adhemar para interventor em 38? Quem ficou com a “caixinha”? Como Vargas voltou ao poder em 50? Por que caiu em 54? E a eleição de Jânio em 53? E a renúncia deste em 1961? E Jango, como foi sua fuga em 64? Vamos aguardar o “best-seller” de Piza, minha gente. 

A TRIBUNA 
Santos, 28 de fevereiro de 1971.

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