domingo, 22 de novembro de 2020

Abecedário da Sucessão

Assumindo o comando político da ARENA, em toda a sua plenitude, o presidente Médici influirá certamente no debate sucessório dos Estados, agindo na escolha dos candidatos, que poderão ser indicados até ante sua preferência pessoal e direta. Não são vãs as palavras do cronista de Brasília. A sua chegada em São Paulo, hoje, o presidente já apertará a mão, em Congonhas, do futuro sucessor do governador Sodré. Quem será o “de cujus”? O marechal tem à sua escolha um abecedário político completo. De A a Z. Todos disputam, com maiores ou menores possibilidades, do G. P. “São Paulo”. Uns disparam um tiro direto, outros costumam desgarrar, terceiros são novos para a turma, há alguns cujos exercícios são excepcionais. O abecedário sucessório de S. Paulo, para sua excelência apostar: Antonio Rodrigues Filho, Buzaid, Carvalho Pinto, Delfim Neto, Hely Lopes Meirelles, Firmino Rocha de Freitas, Gama e Silva, Herbert Levy, José Henrique Turner, Klabin Segall, Lucas Garcez, Maluf, Natel, Onadir Marcondes, Paulo Egídio Martins, Rafael Baldacci, Sodré (NN), Torloni (NN), Virgílio Lopes da Silva, Waldemar Lopes Ferraz, Yassuda e Zancaner. Foi dado o “larga”. Hoje.
 
Torcedor sofredor 
Numa entrevista ao repórter-de-campo Roberto Silva, da Bandeirantes, o governador Sodré elogia a construção do “Paulistão”, que o Presidente inaugura hoje. Destaca o trabalho da iniciativa particular em levar avante a idéia de Cícero Pompeu de Toledo. E Sodré se confessa sampaulino, desde os tempos da meninice em Perdizes. Muitas vezes, garoto, ia ver o tricolor jogar, misturando-se entre a torcida uniformizada. - Naquele tempo o São Paulo F. C. ganhava. Hoje, sou torcedor sofredor. Mas não mudo de time. 

Velha lira paulistana 
Há 30 anos, na mesma data de hoje, Mário de Andrade retratava a cidade que aniversariava. E que amava. Eu nem sei se vale a pena Cantar São Paulo, na lida Sá gente muito iludida Limpa o gosto e assopra a vela, Esta angústia não serena, Muita fome pouco pão, Eu só vejo na função Miséria, dolo, ferida, Isso é vida? Pois nada vale a verdade, Ela mesma está vendida, A honra é uma suicida, Nuvem e felicidade, E entre rosas a cidade, Muita concha e relambória, Sem paz, sem amor, sem glória, Se diz terra progredida, Eu pergunto: Isso é vida? 

TRIBUNA DE SANTOS 
25 de janeiro de 1970.

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