"Em São Paulo existe meia dúzia de espíritos femininos de valor. E, entre eles, está Anita Malfatti. A senhorita Malfatti."
Sofia Tassinari, loira e falante está chegando do Rio, foi comprar boa pintura brasileira, principalmente primitivo, para a “Azulão”. Ela foi aluna, modelo, amiga e confidente da senhorita Malfatti, de Mário de Andrade. Sofia encosta o Volks, breca, tranca a marcha, diz que Anita era uma excepcional figura humana, era como uma mãe para suas alunas, se tornava muito amiga delas. No ateliê da Rua Ceará aprendiam com Anita, ela, Oswald de Andrade Filho (Nonê), Flávio Motta, Dora Vilalva e outros. A professora pintora era polida, simples, jovial, educada, orientava nas técnicas, só os temas eram livres. Sofia também posava para Anita, ia com ela ao Embu, dias e dias seguidos, visitar um grande amigo da mestra, Cássio M’Boy. Depois, Anita se mudou seduzida pelos ares de Diadema, para a “Chacrinha”, mas então já não pintava tanto, gostava mais de receber os amigos. Ali atendia sempre a todos, passava até “pitos” se não gostava de alguma arte das alunas “como nos tempos em que nos ensinava na Associação Cívica Feminina na Rua 15 de Novembro”. E sofá vai concluindo, recordativa:
– Naquele dia cinzento de 1964, em que ela morreu, fomos vê-la na Santa Casa. Velório decepcionante, tão pouca gente, apenas Graciano, “Ciccillo” Matarazzo, Menotti, alguns amigos mais. Ali naquele caixão simples, naquele sofrido enterro na Consolação estava depositada a pioneira, a protomártir, como dizia Mário da Silva Brito, o ponto de partida do modernismo no Brasil.
Rua Augusta abaixo, Jardim Europa. Ao lado do marido advogado, Luiz Olavo Batista, e do filho de um ano, que já traquina, Marta Rosseti Batista pesquisa incansavelmente. Assunto: Anita Malfatti. Ela é arquiteta, formou-se na FAU, em 1964. Foi Flávio Motta seu professor de História da Arte, quem a levou para os estudos sobre o Modernismo. Hoje, pesquisadora contratada do Instituto de Estudos Brasileiros da USP, tem a seu cargo o levantamento do acervo deixado por Mário de Andrade. E mais: levantar, conferir, biografar, catalogar, escrever sobre – Anita Malfatti. É o que Marta faz, com seu jeito doce e sua tenaz persistência. O livro sobre Anita – ou, se não houver verba, pelo menos o alentado e completo estudo de Marta sai até o final do ano. O apartamento recebe o frio sul da cidade. Ela opina sem fazer uma declaração formal:
– Estou mergulhada, surpreendida, obcecada pela personalidade de Anita – uma figura fechada, que sofreu muitas críticas e recebeu outras influências, coerentes quase sempre, uma artista, sem dúvida, histórica e importante do modernismo brasileiro.
No Bairro dos Campos Elíseos, mora Georgina Malfatti, irmã de Anita, que a acompanhou toda a vida. Em seu apartamento, óleos e desenho que sobraram à família, das quase 2.000 obras que Anita produziu em seus 50 anos de vida artística. “Anita era um anjo bom, era alegre e afetiva, ia às reuniões sociais frequentemente, quando tinha saúde, antes de sofrer de diabetes e do coração” ... Vai depondo, essa amável senhora, que dividia com os manos Alexandre e Guilherme (este, engenheiro-pintos) a fama da irmã importante.
– Anita era benquista e de fina educação e comportamento, falava fluentemente 5 línguas... Acordava cedo, tomava café, lia um pouco os jornais e já ia pintar, pintava muito, pintou até o fim da vida, mesmo às escondidas, o médico não queria... Dava opinião sobre tudo, certo ou errado. Gostava de seus alunos, queria muito bem o Nonê, a Sofia, sua cunhada Tecla e a sobrinha Betty... Era extremamente religiosa, da Ciência Cristã, não acreditava em remédios e dizia, “só tomo remédios para agradar vocês”...
Carlos von Schmidt, diretor da Fundação Armando Alves Penteado diz incisivo:
A última vez que as obras de Anita foram expostas foi em 1963, na Casa do Artista Plástico. Depois disso, pudemos ver algumas obras em museus. .Ao procedermos ao levantamento da obra de Anita para a série “Artes no Brasil”, no Canal 2 (1969), sentimos que essa obra poderia dispersar-se de um momento para o outro. Procuramos então, junto à irmã de Anita, Sra. Georgina Malfatti, reunir o maior número de obras possível.
Conseguimos assim, já catalogadas, 164 obras. São desenhos, aquarelas, pastéis, guaches, gravuras, óleos, técnicas mistas. Muitas obras desconhecidas poderão agora ser vistas no MAB. Da importância de Anita, julgamos desnecessário falar. Basta apenas dizer que Anita é um marco, um ponto de partida no modernismo brasileiro. Anita é exatamente o ponto divisório onde os artistas disseram sim e não ao academicismo. A maioria dos artistas que daqui saíram para estudos no Exterior, voltavam pintando da mesma maneira de quando haviam partido. Isto é, com todos os maneirismos da escola francesa. Era “bem” pintar à moda da escola francesa. Iam à Europa, viviam o momento mais importante da história da pintura, o impressionismo e o pós-impressionismo, e continuavam a pintar como se nada estivesse acontecendo. Com Anita isto não aconteceu. Seus quadros, suas cores, suas pinceladas largas, são um autêntico grito de libertação. Não fosse Anita quem foi, não acredito que Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Di Cavalcanti e Victor Brecheret tivessem formado ao seu lado. Esses intelectuais e artistas eram o que de mais importante o Brasil tinha naquela época. Ao apresentarmos esta mostra retrospectiva de Anita Malfatti, em que se poderão observar as obras de 1909 a 1963, o Museu de Arte Brasileira presta à artista a homenagem que de há muito já deveria ter sido feita.
Von Schmidt lamenta apenas a ausência de obras de grande importância que se encontram no Instituto de Estudos Brasileiros da USP, “em gavetas e em paredes que ninguém vê e nem sabe onde ficam”. Lamenta que Mário de Andrade foi o mais ferrenho defensor da artista, portanto, “é totalmente inconcebível que da coleção de Mário de Andrade nada esteja exposto nesta mostra”. Lembra ao reitor da Universidade de São Paulo, “que obras da importância das que se encontram naquele Instituto, não podem permanecer engavetadas, dependendo dos caprichos de funcionários públicos, pagos pela comunidade a que mal servem”.
Susi Rebolo Gonçalves, filha do mestre paisagista gravou a fala de muitos pintores. Tarsila disse à jovem pesquisadora da USP que Anita foi uma de suas maiores amigas desde os anos 20. Anita participou da Semana de 22. Tarsila só soube do feito histórico na Europa, por cartada própria Anita. Aqui, continuaram a amizade.
Susi quer mais dados, consulta seu padrinho: Clóvis Graciano. Está pintando 4 telas para a Loteria Federal. Clóvis parece mais um marinheiro forte de ar maroto, vai à prateleira, ajeita os óculos. Ele conheceu Anita. Sim, era cordial, humana, simples, “uma camaradona”, mas não é bem isso que Clóvis queria declarar. Lembra e conta:
– Uma vez, Oswaldo de Andrade perguntou a Anita sobre “seus amores”. – Meu amor sempre foi a pintura, nunca me interessei por nenhum homem e nunca homem nenhum se interessou por mim, respondeu Anita. Ao que Oswald, “blaqueur”, retrucou:
– Que pena, Anita”.
Mas Clovis acha afinal, um pequeno opúsculo, editado pela Secretaria de Educação em 1951. Ali está, na íntegra, toda a conferência que Anita Malfatti pronunciou a 25 de outubro na Pinacoteca, sob o título “A Chegada da Arte Moderna do Brasil”. Graciano acha importante o testemunho pessoal de Anita, vai lendo alto uns trechos. Aparecida já serve o “Special Something”, uísque preferido de Graciano e a galeria japonesa ilumina a cores os cubos de gelo. Só se ouve a voz forte do caipirão da Família Artística Paulista, lendo o relato da colega famosa:
– Escolhi a história da “Chegada da Arte Moderna ao Brasil”, porque nascida aqui mesmo, na cidade de São Paulo, porque foi aqui que fiz meus primeiros estudos, até os de madureza. Cresci no meio da curiosa surpresa, que foi o começo de um enorme progresso, o qual fugiu para além da mais alta fantasia ou de qualquer expectativa, na tremenda evolução que se desenvolveu em todos os setores, tanto no Comércio, Indústria, Ciências, como também nas Artes. É justamente sobre a grande mudança que se operou nas Artes Plásticas, que procurarei trazer à luz a bela inspiração que provocou este acontecimento de tamanha relevância. Sinto-me à vontade para falar sobre este particular tumulto cultural, porque, como muitos ainda ente nós, respirei antes da Primeira Guerra Mundial e ainda estou trabalhando depois da Segunda Grande Guerra Mundial! A cidade de São Paulo ainda cheia está de gente da minha geração, que pode dar testemunho da veracidade do que passo a relatar.
– Minha maior preocupação até a idade de 12 a 13 anos foi saber se eu tinha ou não talento ... para que, eu não sabia nem me preocupava, pensei que fosse para poesia... Nas minhas “Memórias”, contarei qual a experiência que me revelou ser “a cor, a pintura”, o querer de toda a minha vida. Passo a contar até onde levou-me a atração pela cor.
– Ao terminar meus estudos no Mackenzie College, fiquei pensando em viajar para estudar pintura. Eu tinha cursado o que havia então para meninas e moças. Pensava e pensava; comecei a lecionar e sempre em pensamento, durante e depois do trabalho eu só queria estudar pintura.
– Meus dois professores artistas, Fritz Burger e Lovis Corinth, fora, professores de arte, mas não de pintura, ou de técnica, que Corinth desprezava porque, dizia ele, a preocupação da técnica destrói a inspiração. Os grandes artistas nunca são mesmo grandes professores ou explicadores de um ofício qualquer; esta parte é, geralmente, preenchida pela própria obra de arte que, com o correr dos séculos, torna-se a grande mestra muda que, sem interrupção, continua a iluminar os povos, ensinando a interpretação espiritual dos sentimentos e emoções. Meu grande professor da técnica da pintura, não da arte, foi Bisnoff Culm. Corinth não explicava a teoria pictórica nas cores: para ele existia apenas o instinto e o gosto, que o levaram às alturas que atingiu. Não sabia dizer em palavras qual a regra que nos guia para achar o equilíbrio da composição, a origem a forma, ou, como Fritz Burger ensinava o segredo da composição da cor. Foi este primeiro mestre, com suas teorias da subdivisão da cor, deixando espaços livres para que este espaço vazio, silencioso, forme a nota livre, igual, necessária para toda a harmonia, que me levou a fazer, durante diversos meses, centros de pequenas experiências de separações e misturas para descobrir qual a regra que rege a harmonia das cores. O mesmo fiz com os espaços livres e os encerrados pela linha. O mesmo com as sombras.
– Ao chegar ao Brasil, minha família e meus amigos eram de opinião que eu deveria continuar meus estudos de pintura. Achavam meus quadros muito crus, mas, felizmente, muito fortes, o que prometia para depois uma pintura suave, quando a técnica melhorasse. Pouco mais tarde eu seguia para os Estados Unidos, em companhia de uma senhora americana. Em plena guerra, viajei em navio inglês, camuflado, sempre perseguido pelos torpedeiros alemães.
– Em Nova Iorque, em companhia de uma colega que tinha as mesmas ideias, escolhi a escola que tanto quis encontrar na vida. A “Independence Scholl of Art”, cujo professor era o artista-filósofo Himer Boss. Ele achava que a arte era a pura filosofia da vida. Nosso ateliê era grande, escuro e sujo de tinta, com os de Paris. Entrava-se, saia-se e pagava-se quando e como dava jeito; quando a gente se lembrava de fazê-lo ou tivesse disposição para isto. Havia uma gaveta mágica na mesa da secretária. Essa gaveta nunca se fechava, não empobrecia nem se enriquecia.
Mário de Andrade, 1923. |
– Pintei então “A Estudante Russa”, “O Homem Amarelo”, “O Japonês”, “A Mulher de Cabelos Verdes” e muitos outros quadros, que foram vendidos ou desapareceram com o correr dos tempos. Diziam que estes quadros só seriam apreciados depois de vinte anos. Eu estava em pleno idílio pictórico. Vivia calma e feliz no meu trabalho.
– Em agosto de 1917 voltava eu ao Brasil, com uma carga de estudos e quadros. Não tive a menor preocupação sobre a natureza do efeito de toda essa pintura. Eram caixões de obras de arte, desenhos, gravuras de quadros de todos os tamanhos. Minha família e meus amigos estavam curiosos para ver os meus trabalhos. Mas, que efeito. Ficaram desapontados e tristes. Meu tio, dr. Jorge Krug, que tanto interesse teve na minha educação, ficou muito aborrecido. Disse ele: “Isto não é pintura, são coisas dantescas”.
– Numa tarde de novembro apareceram em casa alguns jornalistas como Di Cavalcanti e Arnaldo Simões Pinto. Foram eles que me entusiasmaram a fazer uma grande exposição, que eu não queria em virtude da opinião negativa dos que me rodeavam. Eu recalcitrava, mas eles insistiam. E venceram.
– A exposição se compunha de cinquenta e duas telas, desenhos, gravuras e alguns quadros e desenhos cubistas, os primeiros feitos na América. Expus também os curiosos desenhos que minhas colegas tanto apreciavam.
– O Conde de Lara cedeu-me uma grande sala térrea, num dos seus prédios à Rua Líbero Badaró.
– Em meados de dezembro de 1917 inaugurei a grande exposição que durou até fins de janeiro de 1918. A sala encheu-se e continuou cheia até o fim da exposição. A princípio foram os meus quadros muito bem aceitos e vendo nos primeiros dias oito quadros. Em geral depois da primeira surpresa, acharam a pintura perfeitamente natural. Qual não foi a minha surpresa quando apareceu o artigo crítico de Monteiro Lobato: “Paranoia ou Mistificação”.
– Este artigo pela sua combatividade prova hoje ter sido o início da revolta estética que nos trouxe a Arte Moderna
– Muito falou-se e escreveu-se sobre a decantada Semana de Arte Moderna. Foi com a chegada do escritor Graça Aranha, vindo do Rio para S. Paulo, que Renê Thiollier com Paulo Prado conseguiram obter o Teatro Municipal para os artistas por uma semana. Foram eles influenciados por alguns artistas cariocas e por Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Guilherme de Almeida e outros íntimos de Paulo Prado, que foram os promotores desta semana, que tanta influência teve sobre o desenvolvimento da Arte Moderna no Brasil. Ninguém a inventou, ninguém a descobriu. Foi nada mais, nada menos que o fim da época romântica e o ressurgimento do interesse vital e artístico em formas novas. Essas formas novas se adaptam melhor a nossa vida e costumes. Apresentam uma oportunidade lógica para todos os indivíduos poderem expandir-se artisticamente dentro desse conceito novo, não precisando ir à Europa ou América do Norte a fim desse tomarem artistas modernos.
– Só assim podemos separar a obra de arte do maravilhoso cinema e melhor ainda do tecnicolor. Daí a extraordinária importância da Semana de Arte Moderna. Entrava em cena o individualismo. Foi em 9 de fevereiro de 1922, com a inauguração da Semana de Arte Moderna, que se afirmou a nova era artística no Brasil.
– Recordo-me que no dia da inauguração, o velho conselheiro Antonio Prado, com grande espanto da comitiva, quis comprar meu quadro “O Homem Amarelo”, porém, Mário de Andrade acabava de adquiri-lo. A plantinha havia vingado.
– Já à tarde, muita ente estava à postos para não sair mais. Os bilhetes e cartas insultuosas ou ridículas tinham aumentado de número. Pena foi não termos guardado alguma coisa concernente a esta parte, pois teria hoje muita graça. Aliás, estávamos completamente felizes, apesar dos protestos e raivas que nos rodeavam. Uma ideia nova sempre provoca raiva aos que não a compreendem, aos ignorantes que se zangam diante do desconhecido. O Villa-Lobos executou um magnífico concerto sinfônico. Certas partes foram de abalar as paredes do velho Municipal.
– Tínhamos feito algo que só vinte anos mais tarde seria comentado, invejado, pois se tornaria, como se tornou, um ponto luminoso na história da cultura da cidade de São Paulo. Foi a alegria de construir e sentir a força de ter feito um bem para a nossa geração. Este mesmo espírito de construção existe hoje perfeitamente vivo e vemos a seara deste grande surto de inspiração que foi a Semana de Arte Moderna – é a conclusão de Anita Malfatti, em 1951.
7/11/71 - 6/8/72
Compreender, amar e louvar essa sensitiva do Brasil
...bem como o desenvolvimento da consciência americana e brasileira, os progressos internos da técnica e da educação impunham a criação de um espírito novo e exigiam a reverificação e mesmo a remodelação da inteligência nacional. Isto foi o movimento modernista, de que a Semana de Arte Moderna ficou sendo o brado coletivo principal. Há um mérito intangível nisto, embora aqueles primeiros modernistas... das cavernas, que se reuniam em torno da pintora Anita Malfatti e do escultor Victor Brecheret, tivessem como que apenas servido de alto-falantes de uma força universal e nacional muito mais complexa que nós. Força fatal, que viria mesmo. (...) Com efeito: educados na plástica “histórica”, sabendo quando muito da existência dos impressionistas principais. Ignorando Cézanne, o que nos levou a aderir incondicionalmente à exposição de Anita Malfatti, que em plena guerra (1917) vinha mostrar-nos quadros expressionistas e cubistas? Parece absurdo, mas aqueles quadros foram a revelação. (...) Porque na verdade, o período ... heróico fora esse anterior, iniciado com a exposição de pintura de Anita Malfatti e terminado na “festa” da Semana de Arte Moderna. – Mário de Andrade – Aspectos da Literatura Brasileira – O Movimento Modernista – 1943.
O fato histórico inconteste é que a disputa no país entre Arte Moderna e Arte Acadêmica se inaugurou com a exposição de Anita Malfatti em 1917. Essa mostra teve o condão de suscitar o problema e agitar os meios artísticos e intelectuais arregimentando adeptos e adversários, alcançando e apaixonando até mesmo a opinião pública em geral, e, sobretudo naquele tempo, distanciada de tais assuntos. – Paulo Mendes de Almeida – De Anita ao Museu, 1961.
...Devemos agora, como queria Mário de Andrade, compreender, amar, louvar essa sensitiva do Brasil. – Carlos von Schmidt (Diretor do M.A.B.)
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