Uma das melhores, mais bem planejadas e mais bem montadas exposições do ano, eis como crítica & público consideram a exposição “O Circo”, no Paço das Artes, planejada, montada e dirigida pela diretora-técnica Lourdes Cedram, contando com sua valorosa equipe de trabalho, e o apoio de várias entidades, como a Associação Paulista de Artes Circenses - que acaba de criar uma Escola de Circo, como existe em outros países e antiga reivindicação da classe circense - Museu da Imagem e do Som e outras entidades. “O Circo”, basicamente, mostra tudo a que se refere o espetáculo circo propriamente dito, desde a mostra de obras de artistas que, durante certa fase de sua carreira, pintaram sobre o tema, até a exibição diária - até 4 de novembro - de filmes e audiovisuais, seguindo-se debates e palestras, sobre o tema circo. Todos os dias, também, é exibida a peça “Mme. Underground”, de Miroel Silveira, com atores circenses.
A idéia central da mostra, segundo diz Lourdes Cedram à TRIBUNA, é recolocar o circo no seu lugar de direito no contato cultural brasileiro, com seus aspectos históricos, artísticos, sociológicos e humanos, além e toda influência que ele exerceu em nossa arte. “O Circo” apresenta também uma exposição de fotografias e cartazes antigos, dos velhos pavilhões e “clowns”, que tanto deliciaram as crianças no passado, peças pertencentes ao colecionador - e historiógrafo do Circo no Brasil - Julio Amaral de Oliveira, que as doou, em ato público, à Secretaria de Cultura/Museu da Imagem e do Som, numa atitude de alto significado cultural e museográfico.
Lourdes Cedram e Miroel Silveira, da Comissão de Circos da SCCT, assinalam que a proposta da realização da exposição “O Circo” sobre a avaliação e recolocação do circo no seu importante lugar dentro do contexto cultural brasileiro foi uma das diretrizes que guiaram o Paço das Artes na concretização dessa exposição. Procura-se mostrar não só os aspectos históricos, artísticos, sociológicos e humanos do circo e seus artistas, mas também daqueles que, embora não pertencendo à “troupe”, foram profundamente tocados por ela.
Paralelamente, procura-se mostrar a história do circo, suas diferentes épocas e as transformações que vem sofrendo através dos tempos, além de um panorama do circo na periferia de São Paulo. O fundamental nessa exposição é que, à parte ele, se poderá ter um registro mais completo sobre a história dos temas do circo, bem como contribuir para o início de uma bibliografia das artes plásticas de artistas brasileiros que desenvolveram esse tema. Mas esse esforço deve ser apenas o ponto de partida para posteriores aprofundamentos dos estudos dos temas de circo nas artes plásticas, além da necessidade de mais profundas análises críticas, históricas e sociológicas sobre essa atividade humana.
Houve ainda a preocupação de não esquecer a influência do circo no cinema, e com a colaboração do Museu da Imagem e do Som foi possível levar ao Paço das Artes os filmes que serão exibidos, onde o circo é um fator dominante. Os audiovisuais, passados diariamente, a partir das 16 horas, são: “O Circo”, dirigido por Lourdes Cedram, com roteiro de Fábio Magalhães, que mostra a trajetória do circo no Brasil, desde suas origens até os dias atuais, como as várias abordagens feitas por artistas plásticos de todo o Brasil sobre o tema; e, “Circo-Teatro Popular”, sobre vários circos e circos-teatros da periferia da Grande São Paulo, mostrando suas peças, entradas cômicas e também o problema da sobrevivência da classe circense. Direção: Pedro Della Paschoa Júnior.
TRIBUNA DE SANTOS
15 de outubro de 1978 (domingo)
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